Michely Vogel
tem estudado tesauros desde 1999, quando fez estágio com Nair Kobashi.
Continuou seus estudo no ano seguinte, com um projeto de iniciação científica
voltado para tesauros funcionais. Esta trajetória, ainda na graduação, resultou
em seu TCC. Nesta entrevista gentilmente concedida por email, Michely,
professora de pós-graduação da FESPSP, discute a aplicação e importância
dos tesauros para os profissionais da informação no gerenciamento das redes
sociais e desfaz mitos: somos seres sociais e analíticos. Acompanhe:
MC: Com o uso de comunidades virtuais - em redes
sociais como Orkut, Facebook - a segmentação de assuntos pode ajudar a
organização numa avalanche de informações? Como filtrar o que é necessário para
uma busca positiva?
MICHELY: Para conseguir algo do tipo, atualmente, o
mais interessante costuma ser o uso de tags ou etiquetas. No entanto,
nem todas as redes sociais contam com esse recurso. Ele é mais e melhor
utilizado no Twitter, atrás das hashtags
ou das expressões iniciadas por #.
Um uso organizado dessas hashtags pode organizar os conteúdos que você publica, desde que
você mantenha uma coerência ou mesmo crie seu próprio vocabulário controlado.
Quando se trata de conteúdos de outras pessoas ou instituições, somente se você
for autorizado para fazer a indexação desse conteúdo e conseguir realizar
buscas que contenham somente as tags atribuídas por você aos conteúdos
alheios.
Ou seja, de maneira geral a organização e recuperação
nas redes sociais ainda requerem muitos esforços.
MC: O estudo de tesauro parece ser muito complexo,
dado as inúmeras possibilidades de expressões para usuários diversos. Sendo
assim, existe uma maneira mais "fácil" para elaborar e estruturar um
tesauro nas redes sociais?
MICHELY: A base é a mesma, como já era dito por Jean
Claude Gardin, já em 1973 (GARDIN, J.C. Document analysis and linguistic
theory. Journal of Documentation, v29, n.1, p.137-168, 1973). A complexidade
está no nível de especificidade do assunto, na abrangência de assuntos
diferentes, e também na quantidade de termos necessários. Rede social, portal,
bases de dados e bibliotecas requerem o mesmo tipo de elaboração. A solução
costuma se apresentar sob formas de listas simples.
No entanto, como também já
se dizia desde os anos 50 (LUHN, Hans Peter, Keyword-in-context index for
technical literature (KWIC index). In: International Business Machines.
Yorktown Heights, N.Y: Advanced Systems Development Division, 1959.), essas
listas acabam tomando corpo e mais cedo ou mais tarde necessitam de
reelaboração em forma de tesauros ou taxonomias.
Ou seja, hoje temos muita mais tecnologia para
pesquisar termos, programas que nos auxiliam a criar grupos de análise, etc –
mas a teoria é a mesma, aliás, cada vez mais ratificada.
MC: Quais instrumentos são ou podem ser utilizados
para a construção de um tesauro e mensurar resultados?
MICHELY: Programas gerenciadores de tesauros,
programas de indexação automática ou semi automática, e programas para análises
bibliométricas. Os bons costumam ser pagos, mas existem soluções gratuitas
interessantes para estudar.
MC: Por se tratar de uma área multidisciplinar, quais
outros estudos podem agregar e contribuir nesse trabalho?
MICHELY: Linguística, Lógica, Terminologia, Ciências
cognitivas, Filosofia
MC: Algum conselho aos estudantes de Biblioteconomia?
MICHELY: A área apresenta falta de profissionais
capacitados. Estudos em análise documentária são importantíssimos para
capacitar os profissionais. Como em toda área da biblioteconomia, um profundo
conhecimento das teorias é imprescindível para uma boa trajetória profissional.
Engana-se quem pensa que nossa área é técnica. Ela requer análise a todo o
momento para entender que instrumento, métodos e técnicas aplicar a cada caso,
e não saber de cor este ou aquele livro de normas.
Entender o que é informação, e como ela se comporta,
deveria ser o núcleo da formação de todos os bibliotecários, para então
entender como organizá-la, de acordo com os públicos interessados.
Quem é
Michely Vogel
Michely Jabala Mamede Vogel é Doutoranda e mestre em Ciência da Informação pela ECA-USP, possui graduação em Biblioteconomia pela Universidade de São Paulo (2002). Tem experiência na área de Ciência da Informação, com ênfase na elaboração de vocabulários controlados (tesauros e taxonomias). Organiza informações, de diversas naturezas e tipos, para sites e também para acervos físicos.
Assunto interessantíssimo! Há tempos busco o contato da Profª Michely e ainda não obtive sucesso. Poderiam fornecer, por gentileza, um e-mail dela para contato? Muito obrigada!
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