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Professor Oswaldo e o site OFAJ




Oswaldo Francisco de Almeida Junior, o nome por trás do site OFAJ, é professor aposentado da UEL com uma exemplar trajetória nos movimentos associativos. E continua muito presente na área de Biblioteconomia, atuando na Programa de Pós-Graduação da UNESP e oferecendo rica informação sobre mercado, pesquisa e tendências. 




Professor Oswaldo

De Marília, onde mora atualmente, articula a produção de conteúdo do site, com vagas de emprego, notícias da área, download de livros e até o inteligente humor do professor Fernando Modesto em divertidos contos. Também é o presidente da  Associação Brasileira de Educação em Ciência da Informação (ABECIN), instituição à qual a FESPSP se associou recentemente Em entrevista gentilmente cedida por email, o professor Oswaldo falou sobre sua trajetória, o surgimento do site e até os 80 anos da FESPSP. Acompanhe:



MC: Conte-nos um pouco sobre sua trajetória na militância associativa, desde a APB até a ABECIN.

OSWALDO: Em 1978, conversando com uma amiga sobre os problemas enfrentados pelos bibliotecários, chegamos à conclusão de que muitos desses problemas poderiam ser resolvidos, ou amenizados, com um Sindicato. Até essa época, não contávamos com um sindicato específico de bibliotecários no Brasil. Resolvemos levar a ideia adiante e divulgamos a ideia entre amigos. Um grupo assumiu a proposta e em 11 de novembro de 1979 fundamos a APBESP. Associação Profissional dos Bibliotecários no Estado de São Paulo. A criação de uma associação era uma exigência legal para a fundação de um sindicato. Tal associação era entendida com o um pré-sindicato. Para o governo da época, não era interessante a criação de sindicatos, pois articularia os trabalhadores. Fizemos várias reuniões antes e depois de 11 de novembro de 1979. Apesar de todo nosso esforço, a Delegacia Regional do Trabalho acrescentava exigências sobre exigências, obstaculizando a criação do sindicato. Apenas em 1985 pode ele ser fundado. Como estava coordenando os trabalhos e presidindo as reuniões, assumi a coordenação geral da diretoria provisória e, posteriormente, eleito presidente da primeira gestão da APBESP. Vale lembrar que essa associação deixou de existir quando da fundação do Sindicato de Bibliotecários no Estado de São Paulo (SINBIESP). Quando deixei a APBESP, fiz parte de um grupo eleito para a APB - Associação Paulista de Bibliotecários. Fui presidente por duas gestões (1984 a 1986 e 1987 a 1989). Nesse período fiz parte do SINBIESP como membro do conselho fiscal. Também fiz parte como membro do conselho fiscal da FEBAB e membro nato do CRB-8. No começo dos anos 1990, fui vice-presidente da ABEBD - Associação Brasileira de Ensino em Biblioteconomia e Documentação e membro do conselho fiscal da APB. Fui também, posteriormente, coordenador da Região Sul da ABEBD. Ainda nos anos 1990, fui membro suplente, de início, e depois assumi como conselheiro uma das gestões do CFB. Já nos 2000, fui tesoureiro da ABECIN - Associação Brasileira de Educação em Ciência da Informação, membro do Conselho Consultivo da ANCIB - Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação. De 2008 a 2010, fui Membro do Conselho Fiscal da Asociación de Educadores e Investigadores de Bibliotecologia, Archivologia, Ciências de la Información y Documentación de Iberoamérica y el Caribe. De 2009 a 2011 participei como membro suplente do CRB-9. Em 2011 assumi a presidência da ABECIN.

MC: Como estimular os estudantes a se engajarem no movimento associativo? Quais são as estratégias para se desenvolver essa cultura?

OSWALDO: Hoje, ao que parece, é difícil convencer e interessar alunos para a participação em movimentos associativos. Quando estudei, fazíamos parte do movimento estudantil e tínhamos atividades fora do âmbito da Biblioteconomia. Lógico que estou me referindo a um grupo de interessados que, mesmo naquela época era reduzido. Quando falo para meus alunos sobre o Movimento Associativo, muitos perguntam o que vão ganhar com isso. Ficam desiludidos quando digo que é um trabalho voluntário, não remunerado. Quase sempre esse é o momento da desistência. Infelizmente, vivemos um momento em que o individualismo predomina. Mas, sempre há e haverá pessoas com espírito coletivo, voltados para o trabalho associativo.

MC: Aos 80 anos, a FESPSP celebra a criação do curso de Biblioteconomia pelas mãos de figuras eminentes, como Mário de Andrade, Rubens Borba de Moraes e egressos de peso histórico, como Laura Russo. Como o senhor, sendo um egresso da instituição e professor da Universidade de Londrina, avalia que este legado ecoou na história da biblioteconomia?

OSWALDO: O curso, criado por Rubens Borba nos anos de 1930, traz para o Brasil o modelo americano da Biblioteconomia e prepara muitos professores para os cursos que se iniciavam no Brasil. Esse é um fato histórico que altera o perfil da Biblioteconomia vigente. Com outros colegas, no final dos anos de 1980, entrevistamos Rubens Borba de Moraes em sua casa (Bragança Paulista). Todos nós ficamos encantados com suas histórias, incluindo as da criação da escola e da APB. Já cego, foi sua última entrevista, morreria algum tempo depois.


MC: Como fundador e mantenedor do site Ofaj, qual é a sua avaliação sobre o retorno e a repercussão do site?

OSWALDO: O site começou em 2002. Enfrentamos uma greve de 6 meses na UEL. Meus alunos, em especial os do 4o, ano, estavam ansiosos e preocupados com um provável cancelamento do ano letivo. Isso acarretaria na perda do ano e a prorrogação da formatura por um ano. Como participei de quase todas as atividades da greve, eles me procuravam para obter informações. Criei um blog para isso. Encerrada a greve, percebi que poderia utilizar o blog para complementar os trabalhos de aula, postando textos, ideias, discussões, etc. Alguns amigos souberam, pediram acesso e me incentivaram a abrir o blog. Resolvi, assim, transformar o blog em site e incluir algumas divisões que acreditei ser de interesse mais amplo. Alguns anos depois, o site sofreu algumas mudanças, tanto de layout como de conteúdo. O mesmo acontecerá, provavelmente em agosto. Hoje, o site recebe mais de 12.000 visitas por mês, com muitos dos visitantes permanecendo um grande tempo em cada acesso. São visitantes não só brasileiros, mas de vários países. Nas palestras que faço, sempre ouço comentários sobre o site e percebo que tem ele uma boa aceitação e, de alguma forma, influencia e contribui com a Biblioteconomia e a Ciência da Informação.


Opinião
O melhor do OFAJ:

Entre todas as colunas do site, vale muito a pena ler os contos do Professor Fernando Modesto, em seu Biblioconto, como “O Divórcio do catalogador” e "O acidente com ônibus-biblioteca". Em sua página de apresentação, o professor Fernando já vai avisando a quem interessar possa:

"Esta coluna apresenta material de  conteúdo  irônico, jocoso e erótico, política e gramaticalmente incorretos ou que pode ser impróprio para bibliotecários menores. Se você não atingiu ainda 18 anos mentais, é um bibliotecário conservador ou é um profissional mal-humorado, em dúvida com suas aptidões profissionais e sexuais este tipo de material pode ofender você. NÃO PROSSIGA! Se prosseguir fica  automaticamente compromissado a não fazer denúncia ética ou interpelação judicial por sentir-se retratado nas matérias."

Outra seção de muito destaque é a de Mercado, com vagas de emprego, estágio e uma relação de salários pagos em variadas funções na área. 

Entre os colunistas do site, Maria das Graças Targino, Francisco das Chagas de Souza, Briquet de
Maria das Graças Targino
Lemos Professor Waldomiro Vergueiro e Marta Ligia Pomim Valentim, entre outros, falam sobre variados assuntos relevantes, desde bibliotecas à gestão do conhecimento, compondo uma vitrine do pensamento do profissional de informação.


A partir de junho, duas novas colunas entrarão no ar: “Biblioteconomia Digital”, com Liliana Giusti Serra e  “Gestão Empresarial na Era da Informação”, com Elaine Cristina Lopes, no mês seguinte.
Oswaldo também pretende mudar o layout, uma medida mais que necessária para concorrer à altura com o ritmo de leitura visual que impera hoje na grande rede. A conferir.



 
FESPSP é a única instituição não pública que participa das Coordenações Regionais da ABECIN

A coordenadora do curso de Biblioteconomia da FESPSP, Professora Valéria Valls, também é a responsável pela coordenação regional da ABECIN. A função representa todos os demais coordenadores de cursos da região (no caso Estado de SP). Ocupando o cargo nesta gestão    (2010/2013), em sequência à professora Evanda Verri Paulino, a professora Valéria Valls explica que sua função é fazer “a ponte” entre a ABECIN e as escolas de Biblio de SP, para comunicação, levantamento de informações e demais ações demandadas. A professora esteve em reuniões no CBBD de Maceió e no SNBU de Gramado para viabilizar suas ações.

“O foco agora da ABECIN é a revitalização das anuidades”, explica.“Uma coisa legal é o concurso nacional (anual) de TCC´s. Já enviamos 2 vezes, mas nunca fomos contemplados. Isso seria muito legal para o nosso curso.”
 
Quem sabe este ano não mudamos esta história?



 

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