O ano de 2015 nos traz duas turmas generosas de futuros bibliotecários. Um dos nossos novos alunos é o jornalista José Gabriel Navarro, aluno do 1º semestre noturno que nos enviou um relato de como chegou ao curso de Biblioteconomia e Ciência da Informação na FESPSP.
Contribui para este artigo o aluno José Gabriel Navarro.
Gostou e quer participar também? Envie o seu relato para o email monitorcientificofabci@gmail.com
Ilusões e Mudanças
"São vários os anseios que podem levar alguém a cursar uma segunda graduação, e em Biblioteconomia e Ciência da Informação (BCI) calouros egressos de outras áreas do conhecimento não são incomuns. A olho nu, dá para calcular que ao menos um terço dos estudantes da minha turma (a do primeiro semestre, à noite) já se graduaram. É também o meu caso
Eu me formei em Jornalismo em 2010 e, no início de 2013, concluí a pós-graduação em Globalização e Cultura da FESPSP. Enquanto o mercado jornalístico vive uma crise sem precedentes – não só financeira, mas também existencial, ou seja, de mal saber a que se pode prestar na atual sociedade –, assisti a uma série de pequenas frustrações que, se observadas agora, à distância, integram uma única decepção.
O jornalismo não conseguia mais me aproximar do conhecimento. Ou pelo menos não com a constância nem com a intensidade que eu desejava. Em sete anos de trabalho como repórter (comecei cedo), aprendi um bocado, é claro, porém sentia e sinto falta de lidar com mais dados e informações, interpretá-los, ordená-los.
Eu já cogitava o curso de BCI no início do ano passado, inclusive prestei à época o vestibular da FESP-SP. Mas a estrada falou mais alto e voltei a fazer o que vinha pondo em prática desde dois anos atrás: viajar pelo mundo, pagando minhas contas como repórter e redator freelancer para sites e revistas do Brasil.
As passagens por Berlim, na Alemanha, onde vivi por quase cinco meses (entre idas e vindas), me levaram a encontrar três sujeitos que, sem o saberem e sem sequer se conhecerem, me influenciaram com seus jeitos de encarar a vida.
Um punk nativo de 30 anos, formado em cinema, porém ganhando a vida como redator para usar as aptidões de cineasta apenas para projetos que realmente lhe interessam, lhe tocam. Um norueguês de 47 que é linguista e maestro, e diz que estudou as letras e a música no Ensino Superior por pura curiosidade. E um russo de 55 interessado em idiomas, poesia, editoração, formado em matemática e cujo lema é: “Não gosto de saber como vai estar minha vida daqui a cinco ou dez anos”.
Sem dúvida há um bocado de facilidades para esses três homens se dedicarem a seus interesses intelectuais na Alemanha e na Noruega, países com Estados de bem-estar social consolidados (sobretudo a nação escandinava). Ainda assim, esse respeito às próprias curiosidades me parece sábio, e decidi empreendê-lo.
Kafka escreveu que “ilusões são mais frequentes que mudanças” *. Isto é, muitas vezes a gente se engana quando pensa que está mudando a vida para melhor. Às vezes, no entanto, mudamos de verdade, e esta vai ser minha luta nesses próximos três anos. Conseguir me abrir para todos os ensinamentos por vir, respirar fundo diante dos problemas e confiar na própria criatividade. Eu sei que escrever é fácil, pôr em prática é o grande desafio. Por isso este texto termina aqui. Aos desafios!
*a fala é da personagem Olga de “O Castelo”, na edição de 2008 da Companhia de Bolso, com tradução de Modesto Carone."
Contribui para este artigo o aluno José Gabriel Navarro.
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