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Coluna: Admiráveis Bibliotecas Comunitárias: o senso-crítico dos lideres comunitários



Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura – Fev-Mar/2016
por Sidnei Rodrigues de Andrade
Saudações, Profissionais da Informação!
Hoje estou compartilhando a primeira reportagem desse meu novo projeto sobre Biblioteca Comunitária. A primeira biblioteca comunitária que fiz uma visita presencial foi a Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura. Fui recebido pelos articuladores e gestores dessa unidade de informação social no dia 21 de fevereiro, domingo, as 10h00.
As respostas que estão entre colchetes [ ] são interpretações que escrevi e parafraseei das reflexões e do senso-crítico dos articuladores e gestores da biblioteca comunitária nesta entrevista. As perguntas que estão em fonte azul são aquelas perguntas-temáticas que havia anunciado na apresentação dessa série de reportagem.

1-) O que é a Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura?
[É um espaço de diálogo entre as pessoas da comunidade, onde podem compartilhar suas idéias. Não é apenas um local para empréstimo de livros, mas onde conhecimento e os seres humanos possam ter oportunidade desenvolver-se em aspectos econômicos, sociais e educacionais].


2-) Contextualize esta Biblioteca Comunitária?
[A idealização da Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura começou com um projeto do IBEAC, no bairro de Parelheiros/Colônia, sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em comemoração dos 60 anos da criação desse documento importante. Isso aconteceu em 2008. Os jovens da comunidade podiam escrever 30 artigos tendo como base este documento, relacionando com seus ideais e objetivos neste contexto contemporâneo. O projeto literário e o desenvolvimento da escrita dos jovens foi tão bem aceito na comunidade que, no ano de 2009, o IBEAC, Jovens Escritureiros – Aventureiros da Escrita de Parelheiros e o PMLLB alguns representantes da militância do bairro Colônia da Zona Sul da Cidade de São Paulo planejaram um local que poderia atender a necessidade informacional daquela demanda. Por meio do incentivo a escrita e leitura, a primeira parte da Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura começou na (UBS) Unidade Básica de Saúde Colônia, cujo objetivo era que os médicos atendessem os pacientes da comunidade e em seguida indicar uma leitura de alguns livros.
Em 2010 jovens da comunidade com a faixa etária de 15 a 25 anos já estavam desenvolvendo a escrita criativa, devido ao crescimento do acervo de livros. Então planejaram outro local que poderia abrigar melhor a biblioteca comunitária: o local seria casa do coveiro do cemitério do bairro Colonia. A primeira parte da aquisição do acervo da biblioteca comunitária foi feita a parceira com loja de roupagem C&A: Projeto Biblioteca Comunitária. Tivemos auxilio da parceira e colaboradora Regina Fernandes (Oficina da Escrita Criativa) que é oficineira. O acervo da Biblioteca Comunitária em novo local chegou a aproximadamente 100 livros. Não tínhamos um nome oficial para essa biblioteca comunitária. Foi feita uma reunião entre os jovens responsáveis qual seria nome dessa unidade de informação social, então foi decido: Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura.
O IBEAC foi importante parceiro na aquisição dos livros, pois os jovens podiam levar os livros para suas residências e obtiveram acesso a informação por meio dessa oportunidade. A data de aniversário da Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura é 1º de julho de 2009, a partir desse dia estaria instalada no cemitério da Colônia, onde foi a casa do coveiro. Outras parceiras muito importantes na idealização dessa unidade de informação social são: Bel Santos e Vera Lion que sempre incentivaram os jovens responsáveis pela biblioteca comunitária a investirem em sua educação].  

3-) Quais foram as maiores dificuldades da Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura?
[As primeiras dificuldades da Biblioteca Comunitária, que ficou em média de 1 ano no espaço da (UBS) Unidade Básica de Saúde do bairro da Colônia, foi no crescimento do acervo, conforme a comunidade ficou sabendo dessa unidade de informação. Não tínhamos muita experiência na catalogação do acervo, mas tivemos auxilio do bibliotecário Edson Feitosa que orientou como fazer essa parte técnica dos profissionais da informação. O funcionamento da biblioteca teve que ter a preocupação em disseminar qualquer item informacional na questão dos direitos humanos, para aplicar essa principal política da biblioteca comunitária, conseguimos voluntários da comunidade para ajudar nesse processo da catalogação e fechamos a parceira com PoloLiteraSampa que auxiliou na parte no desenvolvimento da gestão-administrativa da biblioteca].


4-) Como está a educação continuada dos gestores da Biblioteca Comunitária?
[Os articuladores da biblioteca comunitária pretendem continuar em sua educação continuada, Sidineia Chagas está planejando fazer a sua primeira graduação. Silvani Chagas cursa a graduação de Pedagogia, está no 3° semestre, e realizou um curso técnico em Gastronomia. Ketlin Santos está finalizando o Ensino Médio e quer fazer sua graduação em Serviço Social. Rafael Simões está cursando o 3° semestre em Pedagogia e fez um curso Técnico em Biblioteconomia. Bruno Souza está iniciando sua primeira graduação em Serviço Social].

5-) Qual é a observação dos lideres comunitários sobre a Biblioteconomia (Biblioteca Escolar, Biblioteca Pública e a Biblioteca Comunitária) na Sociedade Brasileira Contemporânea?
[A Biblioteca Escolar não é apenas uma sala de leitura, tem elementos muito negativos, por exemplo, não é aconchegante e muito menos aberta para proporcionar o habito da leitura dos livros para jovens da comunidade. Somos influenciados negativamente e obrigados a leitura dos livros didáticos. Não temos incentivo da leitura e a escola não ouve que a comunidade local necessita em itens informacionais. Deveria ser o espaço mais importante da sociedade brasileira contemporânea, mas falta incentivo para essa unidade de informação escolar. Não adianta entregar os livros do Estado por meio de ato obrigatório aos jovens da comunidade que não tem e desconhecem a importância dos grandes clássicos da literatura internacional e nacional. O Bibliotecário tem que ser o principal protagonista e mediador-educacional neste tecido social da sociedade contemporânea.
Na Biblioteca Pública alguns jovens da comunidade foram barrados pela sua aparência ou porque não tinha um documento em mãos para entrar nessa unidade de informação. Em nosso bairro da Colônia não temos uma Biblioteca Pública, porque é um local na periferia. Uma percepção dessa tipologia da unidade de informação que observamos é que não tem atualização do acervo, mobiliários fundamentais e que os profissionais da informação não estão preocupados com sua educação continuada. A estética da Biblioteca Pública é totalmente morta, não tem “clima” de acesso à informação e é muito desagradável. Existe apenas uma Biblioteca Pública que atende todos esses quesitos que queremos realmente: desenvolvimento da liderança e a acesso a educação.
A Biblioteca Comunitária é um braço da comunidade. Senão fossem os editais e as doações dos parceiros não teríamos essa unidade de informação em caráter social, pois o Estado não faz seu papel para o cidadão e a sociedade brasileira contemporânea. Por meio da Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura quem faz a gestão são próprios jovens da comunidade, tendo as parcerias do PoloLiteraSampa e o (PMLLB) Plano Municipal de Livro, Literatura e Biblioteca. Não dependemos somente dos editais culturais, que é muito pouco para continuamos a desenvolver um projeto “orgânico” para comunidade e o social. Temos plena consciência realização dos trabalhos que são feitos pelos voluntários por parceiros e a comunidade].

6-) Qual é a sua “imagem” que vocês têm do Bibliotecário?
[Não tem compromisso com a unidade de informação, isso é a causa da ausência do Estado. O Bibliotecário apenas empresta o livro. Recebemos ajuda de alguns bibliotecários no desenvolvimento da Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura na parte da catalogação tivemos auxilio do Edson Feitosa (Bibliotecário), nos ajudou muito no desenvolvimento do acervo. Para nós o Bibliotecário deveria promover um Clube de Leitura, incentivar o habito de leitura e disseminar os itens informacionais nas mídias sociais. Deveria sempre aprimorar sua educação continuada].


7-) Como está a Educação no Brasil neste Século XXI?
[Não temos ainda uma educação brasileira contemporânea em construção orgânica. O Estado [Federal, Estadual e Municipal] ensina para qualquer cidadão apenas a sermos passivos e não ativos. A maior preocupação do Estado é a de que os indivíduos não questionem suas “normas”. Deveria ser ao contrário. Que a sociedade civil brasileira argumente, reflita e busque determinar informações certas para melhorar seu contexto econômico, educacional e social. Reconhecemos que há vários erros nesta sociedade brasileira contemporânea, por isso cada cidadão brasileiro tem que enxergar dentro si mesmo se quer realmente melhorias futuras, para que deixemos exemplos para as próximas gerações. Para que isso aconteça, o cidadão, a família e o Estado deveriam ter um simples dialogo único onde todos podem participar e compartilhar, aplicar o conceito do educador brasileiro Paulo Freire].

8-) O que os líderes da Biblioteca Comunitária pensam sobre o futuro das crianças e os jovens no Brasil?
[A sociedade brasileira contemporânea precisa de protagonistas. Neste contexto, são as crianças e os jovens, que necessitam dessa Biblioteca Comunitária. O Estado deveria observar como seres humanos estão se desenvolvendo socialmente e culturalmente, sempre investindo em Educação].

Para saber mais, acessem os seguintes links:

Isso é apenas um começo dessa série de reportagem, aguardem mais reportagens que está em processo de elaboração, por enquanto leiam e compartilhem essa informação com todos os colegas e amigos profissionais da informação. No final dessa série de reportagem quero descrever como feito os bastidores de meu novo projeto, aguardem as cenas dos próximos capítulos. Até próxima reportagem!

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