Música e Livros é uma coluna escrita por Bruno Carvalho, ex-aluno de Biblioteconomia da FESPSP, que fala a respeito de bandas e o que elas leem, mostrando que música e livros tem tudo a ver!
Este mês Bruno entrevista a banda carioca Hojerizah.
O Hojerizah foi uma das bandas mais talentosas e criativas que a música brasileira já produziu. O grupo lançou apenas dois discos, “Hojerizah”, de 1987 e “Pele”, de 1988, mas algumas músicas que esses LPs trazem estão as melhores composições do rock nacional até hoje. “Senhora feliz”, “Setembro” e “A lei”, por exemplo, possuem melodias e letras fortíssimas, que impressionam por serem atemporais. A saga do grupo teve início em 1983, no Rio de Janeiro. Pouco antes do grande boom do rock brasileiro, alguns amigos se reuniam para começar a tornar realidade um antigo sonho. “Eu tentava fazer algo com uma guitarra e o Larrosa já tirava um baixo, de ouvido, com dignidade. Levávamos algo que chamávamos de som e queríamos montar uma banda. Na verdade ‘montar uma banda’ era uma ideia fixa na nossa cabeça”, relembra Toni Platão, um dos maiores vocalistas de sua geração.
A banda carioca Hojerizah, composta por Toni Platão (vocal), Flávio Murrah (guitarra), Marcelo Larrosa (baixo) e Álvaro Albuquerque (bateria), foi formada em 1983, mas o seu primeiro disco, que leva o nome do grupo, foi lançado em 1987. O grupo terminou em 1989.
A coluna Cwb Live do jornal Gazeta do povo, de Curitiba, apresenta uma entrevista exclusiva com o vocalista Toni Platão, o baterista Alvaro Albuquerque e o baixista Marcelo Larrosa, passando a limpo a trajetória do Hojerizah (clique aqui para ler) vale a pena conferir pessoal!
1) O que você lia na adolescência na década de 80?
Em 1980 com 17 anos, essa década, a de 80, é meu período de total dedicação a leitura, depois me tornei mais preguiçoso ou com menos tempo, porque ler requer tempo. li muito os clássicos. tipo li quase tudo do Scott Fitzgerald, tudo de Dostoievski, bastante de Henry Miller, um pouco de Kafka, Stendhal, Rimbaud, Lautréamont, Conrad, Augusto dos anjos, Jorge Amado, Mario de Sá Carneiro, Machado, Fernando Pessoa etc... tipo clássico mesmo. Já gostava muito dos Chandlers da vida também e dos beatnicks. Gozado que recentemente descobri, e tô lendo tudo que posso, o John Fante. Tive muita resistência porque ali nos 80, o "pergunte ao pó" de Fante ficou muito na moda e essa coisa de modismo sempre me afastou dos objetos em foco no próprio.
2) Comente sobre Renato Russo como incentivador a leitura...
Esse leu muito. Creio que o seu grande incentivo a leitura é a qualidade estupenda do seu texto. Engraçado que quando nos conhecemos, tocando na mesma noite no antigo circo voador da lapa, RJ, conversamos sobre a poesia de Jim Morrison. Na segunda vez, ele lia Lawrence e eu estava afundado na Rússia do século 19. Por conta desse papo li "o amante de Lady Chatterley". Depois sempre só falávamos de música ou besteira.
Este mês Bruno entrevista a banda carioca Hojerizah.
O Hojerizah foi uma das bandas mais talentosas e criativas que a música brasileira já produziu. O grupo lançou apenas dois discos, “Hojerizah”, de 1987 e “Pele”, de 1988, mas algumas músicas que esses LPs trazem estão as melhores composições do rock nacional até hoje. “Senhora feliz”, “Setembro” e “A lei”, por exemplo, possuem melodias e letras fortíssimas, que impressionam por serem atemporais. A saga do grupo teve início em 1983, no Rio de Janeiro. Pouco antes do grande boom do rock brasileiro, alguns amigos se reuniam para começar a tornar realidade um antigo sonho. “Eu tentava fazer algo com uma guitarra e o Larrosa já tirava um baixo, de ouvido, com dignidade. Levávamos algo que chamávamos de som e queríamos montar uma banda. Na verdade ‘montar uma banda’ era uma ideia fixa na nossa cabeça”, relembra Toni Platão, um dos maiores vocalistas de sua geração.
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Hojerizah em estúdio (Foto : Arquivo pessoal/Marcelo Larrosa) |
Entrevista com Toni Platão – Vocalista banda Hojerizah
1) O que você lia na adolescência na década de 80?
Em 1980 com 17 anos, essa década, a de 80, é meu período de total dedicação a leitura, depois me tornei mais preguiçoso ou com menos tempo, porque ler requer tempo. li muito os clássicos. tipo li quase tudo do Scott Fitzgerald, tudo de Dostoievski, bastante de Henry Miller, um pouco de Kafka, Stendhal, Rimbaud, Lautréamont, Conrad, Augusto dos anjos, Jorge Amado, Mario de Sá Carneiro, Machado, Fernando Pessoa etc... tipo clássico mesmo. Já gostava muito dos Chandlers da vida também e dos beatnicks. Gozado que recentemente descobri, e tô lendo tudo que posso, o John Fante. Tive muita resistência porque ali nos 80, o "pergunte ao pó" de Fante ficou muito na moda e essa coisa de modismo sempre me afastou dos objetos em foco no próprio.
2) Comente sobre Renato Russo como incentivador a leitura...
Esse leu muito. Creio que o seu grande incentivo a leitura é a qualidade estupenda do seu texto. Engraçado que quando nos conhecemos, tocando na mesma noite no antigo circo voador da lapa, RJ, conversamos sobre a poesia de Jim Morrison. Na segunda vez, ele lia Lawrence e eu estava afundado na Rússia do século 19. Por conta desse papo li "o amante de Lady Chatterley". Depois sempre só falávamos de música ou besteira.
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Capa
do 1º LP da banda (1987)
Fonte: Facebook |
3) Fale sobre a influência dos livros nas músicas do Hojerizah...
Do hojerizah posso afirmar que quase tudo nos nossos dois LPs tinha alguma relação com literatura ou cinema. mais diretamente, belos e malditos eu escrevi depois de fechar a última página do belos e malditos original, do Fitzgerald, e a frase "por que temer viver só, já que morremos sozinhos", da canção tempestade em Viena, Flávio inspirou-se em "Judas, o obscuro", de Thomas Hardy . As letras eram líricas, profundas, poéticas.
O nome do grupo remete à palavra “ojeriza”, que é um sinônimo de aversão. Só acrescentamos os dois ‘H’ para dar uma aproximada com ‘hoje’.
Do hojerizah posso afirmar que quase tudo nos nossos dois LPs tinha alguma relação com literatura ou cinema. mais diretamente, belos e malditos eu escrevi depois de fechar a última página do belos e malditos original, do Fitzgerald, e a frase "por que temer viver só, já que morremos sozinhos", da canção tempestade em Viena, Flávio inspirou-se em "Judas, o obscuro", de Thomas Hardy . As letras eram líricas, profundas, poéticas.
O nome do grupo remete à palavra “ojeriza”, que é um sinônimo de aversão. Só acrescentamos os dois ‘H’ para dar uma aproximada com ‘hoje’.
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