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Daniel Sanches |
A Biblioteconomia surgiu na minha vida como uma extensão do meu apreço pela literatura. Não tenho a mínima pretensão de ser escritor, crítico literário, professor do que quer que seja ou livreiro (mas de alguma forma já fiz um pouco de tudo isto e quero continuar fazendo, não profissionalmente). Portanto a um dos fatores da escolha vem daí.
Outros motivos estão relacionados a questões educacionais. Depois de aproximadamente 12 anos de escolarização formal, resumidamente o saldo foi o seguinte: fui alfabetizado, aprendi a realizar e o significado das quatro operações matemáticas básicas. Tenho poucas recordações felizes do ambiente escolar. A mais marcante e chocante ocorreu com a Profa. Francisca na segunda série do ensino fundamental: ela reuni nossa turma, nos colocou em um ônibus e nos levou a uma biblioteca situada na Vila Mariana, pois na escola e no bairro não havia nada disto na época. Foi um passeio muito simples, mas como dizem alguns escritores, literatura faz mal. E fez. Principalmente para os meus pais, que agora tinham um pentelhinho aporrinhando para ir até um bairro relativamente distante buscar livros.
Conto esta pequena passagem da minha vida não como forma de culpabilizar os meus outros professores, mas porque a instituição escola já não funciona a muito tempo, a crise que vivemos no momento é somente a evidenciação de algo que vem ocorrendo a muitas décadas. Já no início dos anos 70 um austríaco chamado Ivam Illich escreveu um livro intitulado Sociedade sem escolas. E ganha um doce quem adivinhar qual é uma das principais instituições que o autor conclama para realizar uma verdadeira educação universal e de qualidade: bibliotecas, e também os museus. Trabalhei por 4 anos em museus no serviço educativo. Era um trabalho realmente difícil, mas por diversas razões funcionava. Eu acreditava que quando começasse a lecionar poderia aproveitar as práticas desta experiência na escola. Não dá, por várias questões que não cabem neste texto. Portanto, a minha escolha veio a partir da minha experiência com literatura em primeiro lugar e depois com a educação. E ainda hoje mantenho esta ordem de prioridade.
A FESPSP conheci por causa de uma namorada de um amigo que estudou aqui e por causa da Lana, nós já namorávamos na época e ela já cursava Biblioteconomia, só que na Unifai.
Espero que esta área profissional (como todas as outras) se desenvolva tendo em vista a necessidade o ser humano, na sua complexidade, nas suas qualidades, defeitos e na resolução de questões que efetivamente contribuam para uma sociedade mais justa.
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