O aluno Leonardo Ragacini, do sexto semestre do período matutino,
enviou um texto sobre como as mídias sociais influenciam nosso dia-a-dia,
produzido para uma atividade proposta pelo professor Wanderson Scapechi, na
disciplina de Tecnologias de Comunicação.
Vamos conferir?
A
vida na internet
Leonardo
Ragacini
Que
as mídias sociais intensificaram as relações das redes sociais com suas
plataformas e aplicativos cada vez mais rápidos e cheios de ferramentas
editáveis é inegável e isso tem seu lado positivo, pois permitiu que nos novas
interações sociais de uma forma dinâmica, quase sem barreiras.
Redes sociais são, antes de
qualquer coisa, relações entre pessoas, estejam elas interagindo em causa
própria, em defesa de outrem ou em nome de uma organização (Aguiar,
2016, p 12)
Hoje
você pode gravar uma música na sua casa com recursos mínimos e expor para
milhares de pessoas no mundo inteiro e gerar uma renda pelo seu conteúdo e até
mesmo uma visibilidade que seria impossível há tempos atrás fora, do Mainstream, das
grades gravadoras. Muitos cantores nacionais e internacionais despontaram sucesso
nos últimos anos, através dos seus clipes no Youtube como Justin Biber, Jordan Sparks,
Ludmila, Anitta, Psy, CW7, Girls, Meghan Trainor entre outros.
Queremos ter em nosso site
todo o conteúdo que pudermos”, afirmou Steve Chen, co-fundador do site, à
Reuters. Popularizado no ano passado por sua facilidade de uso e grande
quantidade de arquivos, o YouTube
diz registrar 100 milhões de páginas visitadas diariamente e responder por 60%
de todos os vídeos assistidos on-line. (Portal G1, 2006)
Não
podemos também esquecer os Youtubers (ou criadores de conteúdo, como alguns preferem
ser chamados) que são uma versão moderna dos “Vjs” da já falecida MTV Brasil.
Quem estava perto do Espaço
das Américas, casa de espetáculos da zona oeste de São Paulo, na noite de
ontem, podia ouvir um som alto e estridente. Chegando ainda mais perto da
origem do barulho, ficava claro o motivo: eram os fãs dos youtubers, que chegavam
para o YouTube FanFest, evento anual do site de vídeos que reuniu os principais
nomes da plataforma de vídeo, como Porta dos Fundos, Whindersson Nunes e PC
Siqueira. O entusiasmo não deixava a nada a dever aos fãs que costumam esperar
bandas de rock ou atores famosos em portas de hotel.(Reportagem Jornal Estadão,
2010)
As
mídias sociais se tornaram verdadeiros mercados predatórios, indo na corrente
inversa da ideia original da internet de disseminar a informação, pois agora o
que conta é laçar os usuários com
qualquer tipo de conteúdo que ele queira consumir sem se importar com sua
forma, mensagem ou conteúdo.
Você
parou para pensar que quando o Facebook diz para você “O que você está
pensando?” você responde de forma tão natural que nem percebe até onde o que
você está postando pode chegar.
Um
fenômeno atual que podemos chamar mídia
imediatista são os canais no Youtube e a liberação de propagandas
monetizadas dentro de vídeos que causam o ódio em alguns e alegria de outros,
pois foi uma forma que muitos dos canais menos famosos acharam de lucrar com
seu conteúdo. Qualquer polêmica, por menor que seja se torna vídeos resposta ou
de opinião sem qualquer profundidade que terminam com a famosa frase padrão
“curta, se inscreva, compartilha”.
Abaixo
vemos a política de monetização do Youtube disponível em sua página:
Você
precisa atender a estes requisitos mínimos para gerar receita com seus vídeos:
·
Seu conteúdo deve ser adequado para anunciantes.
·
Você deve ter criado o
conteúdo ou ter permissão para usá-lo comercialmente.
·
Você deve fornecer a
documentação que comprova que você detém os direitos comerciais de todo o conteúdo
de áudio e de vídeo.
·
Seu conteúdo deve estar
de acordo com os Termos de Serviço e com as Diretrizes
da comunidade do YouTube. O
YouTube se reserva o direito de desativar a monetização de contas que não
seguem nossas diretrizes.
Exemplos de
conteúdo que podem ser qualificados para monetização
·
Você filmou seu gato, e não há música
de fundo.
·
O vídeo contém música livre de
royalties, e você pode provar que detém os direitos de uso comercial usando um
link direto para os termos.
·
Seu amigo criou um conteúdo para o
vídeo e declara por escrito que você pode usá-lo e gerar receita com ele.
·
Você mesmo criou músicas originais e
não tem um contrato com uma gravadora.
Exemplos de
conteúdo que NÃO seria elegível a monetização
·
O vídeo contém música comprada no
iTunes ou conteúdo gravado da televisão.
·
Uma compilação editada por você de
conteúdos criados por outros.
·
Conteúdo com violência e/ou nudez com
o objetivo de chocar e causar aversão.
A própria questão de conteúdo no Youtube é questionável.
Podemos afirmar que todos que possuem conta no Youtube e fazem algum vídeo são
criadores de conteúdo? E muito comum vermos dentro da rede duplicações do mesmo
conteúdo em contas diferentes apenas para gerar visualização sem qualquer
preocupação em remeter ao conteúdo original que está sendo copiado ou plagiado.
Longe
das questões se o Youtube é ou não a nova televisão ou se pode ser considerado
uma profissão ou apenas uma ocupação, o que precisamos questionar é se a ânsia
da fama que sempre existiu nas pessoas de serem vistas e terem fãs que
compartilhem o seu dia-a-dia não está sendo suprida de forma equivocada por
essa mídia social.
Chegamos
a um ponto onde crianças de nove anos fazem vídeos sobre capas de celular que
possuem e com isso conseguem fama entre outras crianças que fazem o mesmo
replicando as ideias que viram no seu ídolo criando uma rede que está mais
preocupada em gerar visualizações que conteúdos, e o perigo disso está quando
se chega ao esgotamento do “tudo já foi feito” e se chega no ponto em que o
absurdo - o vale tudo - por uma
visualização leva a extremos perigosos.
Sabe aqueles famosos
desafios do Youtube, tipo o "Ice Bucket Challenge" ("Desafio do
Balde de Gelo")? Pois é. Um novo está circulando pelas redes sociais: é o
"Duct Tape Challenge" ("Desafio da Fita Adesiva").
A
"brincadeira" consiste em amarrar uma pessoa usando fita adesiva e,
na sequência, filmar enquanto o jovem tenta escapar de uma armadilha
pegajosa. [...]
Mas o
desafio não saiu como esperado para o jovem Skylar Fish, de 14 anos.
Os amigos do adolescente resolveram amarrá-lo enquanto ele ainda estava de pé.
Não era a primeira vez que os adolescentes faziam a brincadeira, mas
normalmente eles estavam sentados em cadeiras e arbustos.
Durante a gravação,
Skylar perdeu o equilíbrio e bateu a cabeça na moldura de uma janela. O jovem
começou a perder muito sangue e seus amigos ligaram para o hospital o mais
rápido possível — sua mãe, Sarah Fish, só soube do ocorrido quando os amigos de
seu filho contaram o que tinha acontecido. (Catraca Livre, 2016)
Precisamos
refletir se não chegou ao ponto que temos tanta vontade de não estarmos
sozinhos e de fazer parte de algo ou criar nosso
conteúdo que não conseguimos mais pensar, apenas só querer. Muitos
pesquisadores dizem que nos dias atuais vivemos um vazio interior e uma solidão
tão grande que estamos o preenchendo com as mídias sociais e sem perceber
estamos gerando - mais vazio – que atraia mais pessoas que geram - mais vazio -
em uma corrente sem fim.
As redes sociais mascaram a ausência de comunicação entre
as pessoas, diz o sociólogo francês Dominique Wolton
[...] Dominique
Wolton, 63, que esteve no Brasil há duas semanas, bate ainda mais pesado. Para
ele, a internet não serve para a constituição da democracia: "Só funciona
para formar comunidades" -em que todos partilham interesses comuns-,
"e não sociedades" -onde é preciso conviver com as diferenças. (PERES, 2015)
O
grande problema que vivemos com as mídias sociais e sua relação intima com as
redes sociais hoje é que não sabemos mais quem somos e quem gostaríamos de ser.
Quem somos fora da tela e dos programas de retoque de imagem? Quem somos por
trás das frases copiadas de livros que nunca lemos de autores que não
conhecemos, mas compartilhamos?
A
charge demostra isso. Estamos tão preocupados em vivermos múltiplas vidas
virtuais que esquecemos que a mais importante - a vida -mortal - real é a mais
importante, pois a vida virtual pode existir sem nós, mas a vida real fora dos
bits e bytes é a única e possui um prazo de validade que nenhum metadado de
preservação pode guardar.
REFERÊNCIAS
AGUIAR, Sonia. Redes
sociais e tecnologias digitais de informação e comunicação: Relatório final de pesquisa.
2006. Disponível em:
.
Acesso em: 19 out. 2016.
Estadão
Online. Youtubers ganham status de estrela em
evento em SP. 2016.
Disponível em:
.
Acesso em: 19 out.
PERES, Marcos
Flamínio. A solidão disfarçada das redes
sociais. 2015.
Disponível em:
.
Acesso em: 19 out. 2016.
Portal G1 . De
olho em videoclipes, youtube negocia com gravadoras. 2006.
Disponível em: .
Acesso em: 19 out. 2016.
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