Continuando com os relatos da Semana de Biblioteconomia na FESPSP, a aluna Daniela de Oliveira Correia enviou um depoimento sobre a sua participação na palestra “O Menino e o Mundo : uma animação brasileira no Oscar”. Confira abaixo:
O Menino e o Mundo: uma animação brasileira no Oscar
Por: Daniela de Oliveira Correia
![]() |
Palestra no período noturno |
Toda a organização da palestra foi feita pela Professora Maria Rosa Crespo, que fez o convite para alunos do 3º Semestre da FaBCI de ambos os períodos, para colaborar nas pesquisas acerca do filme e apresentar em conjunto o resultado obtido.
Os alunos foram: Marcus Vinicius Aloísio Vieira (matutino), Ana Beatriz Cristaldo Mendes, Fernanda de Paula e eu, Daniela de Oliveira Correia (noturno). Contou-se ainda com a participação do convidado Alailson de Melo Brito, que cursa Animação no SENAC-SP.
Cada integrante do grupo ficou responsável por pesquisar e, posteriormente, apresentar um determinado aspecto relacionado ao filme. De início tivemos a apresentação feita pela Professora Maria Rosa dando às boas vindas e contextualizando o tema abordado. Logo o Marcus Vinicius tratou sobre toda a equipe técnica, desse filme de Alê Abreu e algumas curiosidades sobre o filme.
Em seguida o Alailson trouxe todas as informações técnicas que envolvem a criação de uma animação, os vários estilos utilizados no filme, que de início seria um documentário, e toda a crítica que está arraigada nas diversas simbologias que o filme traz, através do olhar de um profissional da área com um relato bem próximo de como o autor desenvolveu cada quadro e o que ele quis passar com sua obra.
Uma discussão levantada neste momento foi sobre a indústria Cinematográfica, tanto a brasileira como e internacional. Os pontos levantados foram de como, no caso dos vários prêmios que o filme ganhou e da incrível indicação ao Oscar deste ano, os filmes brasileiros que são amplamente divulgados e que chegam às grandes massas, são majoritariamente do grupo “Globo Filmes”, fazendo com que em nosso país que é reconhecido internacionalmente por sua qualidade e inovação na área cinematográfica, seja restrito a determinados produtos em detrimento de várias produções de alta qualidade que são “engolidas” por esse monopólio e ainda enfrentam o preconceito dos brasileiros que acreditam que filme nacional é ruim e ponto.
![]() |
Palestra no período matutino |
Em seguida tivemos a apresentação da Fernanda de Paula falando sobre os números do filme, quantos expectadores no Brasil e fora (no Brasil 35 mil e só na França mais de 120 mil expectadores, números antes da indicação ao Oscar, mesmo assim levando a uma reflexão de como foi muito mais aceito e divulgado no exterior), todas as premiações que recebeu e os países em que foi lançado (mais de 80 países).
Teve-se então a fala da Ana Beatriz com relação às inspirações para os cenários (em obras de Paul Klee e Joan Miró), o fato de todos os diálogos serem de português invertido (não tendo realmente como entender o que as personagens falam), o filme é entendido por todas as simbologias, músicas e expressões e o fato de que “Ele é um menino simbólico, universal. Ele poderia ser um menino de qualquer cidade grande. Ele representa a força de renascimento das coisas, a esperança, a crença. É um menino muito universal”, segundo Alê Abreu.
![]() |
Imagem de divulgação do filme |
Como última parte da palestra, a Professora Maria Rosa trouxe uma bela reflexão sobre como lidamos com as crianças atualmente, como muitas coisas são infantilizadas e distorcidas para que as crianças sejam “preservadas” e não percam sua “inocência”. Como base utilizou o livro “Bruxa, bruxa venha à minha festa”, da autora Arden Druce e ilustrações de Pat Ludlow que demonstra como é possível e até necessário ter uma comunicação mais clara e real com as crianças, pois elas entendem e por conviverem e estarem à mercê de todo tipo de informação, ainda mais nos dias de hoje, essa comunicação tem que ser repensada.
No debate que se seguiu, muitas contribuições foram feitas e trouxeram aspectos muito positivos e várias reflexões sobre os temas abordados, tendo sido um espaço de troca muito proveitoso. Entre os principais temas ressaltam-se o fato de grandes produções como “Divertidamente”, por toda sua tecnologia e investimentos, sempre estarem à frente de produções menores, mesmo que estas tenham grande teor significativo; como todo esse lúdico, do que se julga natural para as animações, cativa as crianças e como os bibliotecários, os profissionais da Informação têm a missão de pesquisar a fundo e ir além do óbvio e superficial, para que, mesmo em uma análise modesta de um filme, se traga a tona discussões e reflexões profundas e a extração de vários fatos com grande valor como o exemplo de “O menino e o mundo”, que ultrapassa uma animação e ganha status de uma crítica social e política, onde tudo se relaciona (escolha dos intérpretes para a trilha sonora, símbolos ilustrados...) e tem um por que!
Para encerrar temos o depoimento da professora Maria Rosa sobre o trabalho desenvolvido: "Foi ótimo trabalhar com essa equipe de alunos tão motivada e que fez um trabalho tão bacana. Eu tinha visto “O menino e o mundo”, mas não tinha percebido uma porção de coisas que foram apresentadas e foram esclarecidas. Vou propor novos desafios para essa turminha. Gostei!".
Amei participar, pesquisar e descobrir um novo contexto sobre este filme!
ResponderExcluir