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Fonte: Raquel e Priscila (6º Sem./Not. - 2016) |
Dando continuidade a essa
matéria especial, seguem os “Bibliotecários fora
da caixinha” apresentados pelos alunos do 6º semestre noturno de 2016,
encerrando a cobertura desse seminário que representou tão bem as inovações
contemporâneas possíveis em nossa área, sendo uma fonte de motivação e
inspiração para todos.
Parabéns aos alunos que
contribuíram com este seminário e obrigada por compartilharem conosco!
Noturno
A
trajetória do Cauê Araujo,
bibliotecário empreendedor da área de educação à distância com a ClassCursos foi o tema do Seminário do Giliardi,
Daniel, Nathália e Isabel.
Com muita descontração reforçamos alguns pontos importantes de mais um bibliotecário fora da caixinha.
Com muita descontração reforçamos alguns pontos importantes de mais um bibliotecário fora da caixinha.
Uma
outra história de expansão da atuação do bibliotecário foi apresentada pela Bianca,
pelo Sidinei, pela Cleide e pela Fernanda (que
fugiu da foto), a Anna
Constantino e sua experiência como crítica literária, editora do http://potterish.com/ e
booktuber.
A bibliotecária guardiã do Harry Potter e de toda a sua magia.
A bibliotecária guardiã do Harry Potter e de toda a sua magia.
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Bianca, Sidinei e Cleide |
Já
ouviu falar em Grokmaker? E em infomarketing? Não?!
Então conheça o trabalho do bibliotecário Marcos Teruo Ouchi e da sua consultoria Gambatê. Um trabalho extremamente criativo e fora do tradicional. A Raquel e a Priscila arrasaram nos contando esse case:
Então conheça o trabalho do bibliotecário Marcos Teruo Ouchi e da sua consultoria Gambatê. Um trabalho extremamente criativo e fora do tradicional. A Raquel e a Priscila arrasaram nos contando esse case:
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Bibliotecário: Marcos Teruo Ouchi |
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Raquel e Priscila |
A
biblioteca humana da Biblioteca Vasconcelos
e a participação do bibliotecário mexicano Ramón Salaberria foi o tema
escolhido pela Thais Dias
e Gabriela Carvalho para
relatar uma experiência inovadora.
Um projeto belíssimo e inspirador.
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Bibliotecário: Ramón Salaberria |
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Thais Dias e Gabriela Carvalho |
A
experiência do Diego Guimarães como bibliotecário e UX Designer da
MJV foi mais um relato de “bibliotecário fora da
caixinha” realizado pela Fabiane, Valdinea, Jaqueline e Sayonara:
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Bibliotecário: Diego Guimarães |
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Fabiane, Valdinea, Jaqueline e Sayonara |
Bibliotecárias
como programadoras culturais?
Sim, essa
é mais uma interessante área de atuação para o bibliotecário e a experiência da
Melina Isabel e da Barbara Boucinha Bischoff Voto foi apresentada pela Karina e
pela Raquel:
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Bibliotecárias: Melina Isabel e Barbara Bischoff |
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Karina e Raquel |
A
trajetória da Liliana Giusti
Serra foi o tema da Camila.
A Liliana é uma bibliotecária que atua como desenvolvedora de sistemas na Prima, com o software Sophia.
A Liliana é uma bibliotecária que atua como desenvolvedora de sistemas na Prima, com o software Sophia.
Segue
a transcrição da entrevista inspiradora feita pela Camila com a Liliana Serra.
Obrigada por compartilharem conosco!
Camila
- Fale-nos um pouco da sua formação, caminhos que percorreu academicamente para
conseguir conhecimento na área de software.
Liliana
Serra - Eu entrei na graduação muito jovem e comecei a trabalhar
na área poucos meses após entrar na faculdade (FESPSP) e nunca mais parei. Por
muitos anos atuei somente no mercado profissional. Minha formação complementar
neste período foi feita com cursos e participação em eventos da área, além de
muita curiosidade. Meu interesse pela área acadêmica foi retomado quando fiz a
pós-graduação na FESPSP em Gerência de Sistemas, finalizada em 2008. De 2010 a
2013 lecionei no curso de Biblioteconomia da Unifai. Ingressei no mestrado
acadêmico na USP em 2013, concluído em 2015, ano em que fui aprovada no
doutorado (UNESP). Atualmente sou doutoranda na linha de Pesquisa, Informação,
Tecnologia e Conhecimento.
Não fiz cursos específicos de computação ou de análises
de sistemas. Não sou programadora, apesar de olhar para códigos e discutir com
analistas sobre lógica de programação, funcionalidades, estrutura de dados,
comandos etc. Meu conhecimento nesta área foi prático ou adquirido de forma
autodidata, com muito estudo e leitura. Procurei algumas formações específicas
em ECM (Enterprise Content Management), arquitetura da informação e web design,
com o intuito de ter uma visão macro do mercado e das possibilidades de
atuação.
Camila
- E na vida profissional, qual foi o caminho percorrido e o que a motivou a
entrar e permanecer trabalhando com o SophiA? Algo a desmotivou durante o
caminho?
Liliana
Serra - Desde o começo da carreira a tecnologia me interessou.
Tive oportunidade de trabalhar com analistas e desenvolver sistemas, ou então
fui responsável pelo banco de dados, recuperando informações para a gestão do
sistema de bibliotecas. Isto proporcionou o contato e aprofundamento do
interesse pela tecnologia para bibliotecas. Também fiz muitas migrações de
registros. O que para muitos bibliotecários é um pesadelo, para mim é
totalmente divertido! Adoro estruturar uma migração, mapear os dados e realizar
ajustes e melhorias no legado. Esta experiência me deu muito conhecimento de
banco de dados e lógica de programação. Fui a primeira cliente SophiA em São Paulo, no final da
década de 1990. Mesmo após deixar de ser cliente, sempre mantive contato com a
Prima (desenvolvedora do SophiA). Recebi o convite para trabalhar com eles em
2010. Foi uma mudança grande na carreira, afinal não é uma atividade
tradicional do bibliotecário. Também tem o fato que a empresa fica em São José
dos Campos e eu moro em São Paulo. Parte das minhas atividades é desenvolvida
em home office, que tem aspectos positivos e negativos. A atividade profissional é construída com momentos bons e
superação de dificuldades durante o percurso. Os momentos difíceis são
oportunidades para aprimoramento e crescimento e devem ser aproveitados.
Nenhuma empresa ou atividade será 100% gratificante. Existem coisas que são
chatas ou que eu não gosto de fazer, mas precisam ser feitas, com qualidade.
Não existe atuação onde fazemos somente aquilo que gostamos. Enquanto a
motivação de aprender e crescer existirem, vale a pena continuar na mesma
empresa. Quando não existem mais desafios e entra-se em uma zona de conforto,
deve-se repensar a atuação profissional e, se necessário, ajustar o rumo.
Camila
- Quais e como são os usuários/clientes?
Liliana
Serra - O SophiA está em uso em mais de 1500 bibliotecas no
Brasil e exterior. Atendemos instituições de pequeno, médio e grande porte.
Brinco que vamos da escola “Ursinho Pimpão” até a “Fundação Biblioteca
Nacional”, maior biblioteca da América Latina e a agência catalogadora
brasileira.
Cada cliente proporciona condições de aprendizado e
crescimento. A ferramenta deve ser capaz de atender à demanda de cada um deles.
Como atuei profissionalmente em biblioteca pública, cultural, escolar,
universitária, jurídica e na área de saúde, sinto-me muito à vontade em
qualquer tipo de biblioteca, pois conheço, minimamente, as particularidades de
cada uma. Isto me proporciona segurança e subsídios para orientar e contribuir
com o cliente em suas necessidades de automação. Muitos clientes viraram ou já
eram amigos. Participar de eventos e reuniões é sempre uma oportunidade para
encontra-los.
Camila
- Com a sua base de conhecimento, o que acha que pode ser feito para gerar
interesse da nova geração de bibliotecários na área de base de dados?
Liliana
Serra - É necessário ter interesse e disposição para trabalhar
com tecnologia. Estar aberto para o novo, em constante movimento. Se a pessoa
não tem familiaridade com tecnologia, será mais difícil ela se encontrar nesta
área. Se compreende a lógica da coisa e se apaixonar, é uma área muito
interessante e desafiadora.
Camila
- Pode nos contar um pouco mais da sua função na empresa em que trabalha? Se
não, não tem problema!
Liliana
Serra - Minhas atividades no SophiA são muito diferentes das
tradicionais da Biblioteconomia. Eu faço parte da equipe de Desenvolvimento dos
sistemas SophiA Biblioteca, SophiA Acervo (conjuntos museológicos,
arquivísticos, memória) e Philos (bibliotecas escolares), conversando
diretamente com os analistas e contribuindo com as especificações técnicas e
subsídios específicos da área (AACR2, MARC, Dublin Core, OAI-PMH, Z39.50, ABNT,
ISBD, catalogação, indexação, gestão, indicadores, repositórios etc.). Como
meus estudos são centrados na área de conteúdo digital e catalogação, isto
contribui muito com o desenvolvimento do SophiA, uma vez que forneço conceitos
e orientações sobre os melhores caminhos e práticas a serem seguidos na
automação. Isto é feito acompanhando a literatura, eventos e discussões, no
Brasil e exterior. Desenvolvo a documentação do sistema, com manuais e apoio
teórico. Sempre que preciso ajudo com as migrações, principalmente quando são
de sistemas ou planilhas que não utilizam o MARC, mas que devem ter os
registros bibliográficos, de circulações etc. preservados e migrados.
Além disso, oriento os analistas de Suporte nas dúvidas
específicas da Biblioteconomia. Também auxilio clientes, orientando as melhores
práticas ou tirando dúvidas da nossa área. Auxilio todas as áreas da empresa, fazendo apresentações
das ferramentas, reuniões com clientes, treinamentos (internos e externos).
Também ofereço consultoria, palestras, cursos etc., mesmo para quem não é
cliente SophiA.
Camila
- Quais são os desafios e dificuldades dessa profissão?
Liliana
Serra - Manter-se sempre atualizado e aberto para conhecer
situações particulares com os clientes. Como atuamos no Brasil, Espanha,
Argentina e Chile, preciso discutir com os colegas destes países acerca de
funcionalidades ou normativas específicas aos mercados. Para isso é necessário
domínio do espanhol e do inglês, também em decorrência da participação em
eventos internacionais e estudo da literatura.
Uma dificuldade que tenho sentido está relacionada com os
frequentes deslocamentos, visitando prospectivos, clientes ou ministrando
cursos e palestras. Isto exige muito desprendimento, e em algumas épocas é
bastante cansativo. Por outro lado, não sei o que é rotina e tenho a
oportunidade de visitar muitos locais.
Conciliar um doutorado com este ritmo de trabalho não é
fácil, mas isto tem sido contornado com bastante organização e dedicação. Uma
dificuldade que enfrento é a diferença da formação do bibliotecário. Como
vivemos em um país com dimensões continentais, as rotinas nem sempre são as
mesmas de Norte a Sul do país e, muitas vezes, preciso transmitir aspectos
teóricos e conceituais antes de apresentar uma funcionalidade, por exemplo. Mas
encaro isso mais como uma chance de trocar informações com colegas, experiência
que adoro!
Camila
- Você acredita que este tipo de trabalho necessita de uma equipe
multidisciplinar?
Liliana
Serra - Sempre! A Biblioteconomia é multidisciplinar e a equipe
deve ter esta característica. Não existe uma biblioteca igual a outra! Além
disso, atendemos bibliotecas, museus, arquivos, empresas etc., cada um com
necessidades específicas. Ninguém sabe tudo! Na empresa temos uma equipe
multidisciplinar, com analistas, designers, suporte, marketing, comercial,
relacionamento com o cliente etc. Cada um tem o seu papel na empresa, com o
objetivo de atender bem ao cliente. Além disso, esta equipe precisa ser
atualizada. Temos diversos profissionais com especialização, mestrado e
doutorandos. Também temos professores em nosso quadro de colaboradores.
Camila
- Você acha que pode existir um software que se adapte ao recurso em que a
empresa precisa e não o contrário (a empresa se adaptar ao software disponível)
?!
Liliana
Serra - Se a empresa contratante precisa se adaptar a um
software, alguma coisa está muito estranha! Um software deve auxiliar no
desenvolvimento de uma atividade e não complicá-la. Muitas vezes coloca-se mais
importância ao sistema que ao profissional que irá utiliza-lo. Isto é uma
ilusão! O software não substitui o profissional. Não adianta ter um sistema
robusto se os operadores não sabem utiliza-lo corretamente ou se ele for
complexo demais e for subutilizado. Um software sozinho não irá atender as
necessidades da instituição contratante. Tudo depende da implantação, da
utilização deste sistema e do responsável para que tenha uma boa performance. O
software é a ferramenta que é utilizada. Jamais deve ser confundido com a
atividade fim da instituição. O software é a atividade meio, que permite que a
instituição realize suas atividades. Quem deve aparecer é a biblioteca e não o
sistema que ela utiliza! Um bom sistema é como um maestro silencioso. Não é ele
que deve aparecer, mas a orquestra que está tocando.
É claro que o cliente pode ter particularidades que
demandem adequações. Isto pode ser feito, desde que não vá de encontro com os
padrões internacionais aderidos na ferramenta. Novas funcionalidades são
constantemente desenvolvidas, até porque novas oportunidades e necessidades são
apresentadas no decorrer do tempo. Nenhum software estará pronto. Sempre estará
em desenvolvimento, porque a tecnologia muda o tempo todo.
Camila
- Você
acredita que o mercado brasileiro está preparado para receber profissionais
especializados nesta área?
Liliana
Serra - O Brasil não tem um mercado amplo de sistemas de
bibliotecas. Atualmente existem poucas ferramentas nacionais no mercado. Como
as bibliotecas não são muito valorizadas no país, é muito difícil para uma
empresa atuar somente no mercado de bibliotecas e isto dificulta o surgimento
de novas ferramentas. O mercado norte-americano é bem mais maduro que o nosso
e, mesmo assim, não existem muitas empresas atuando no segmento. Observamos um
período de fusões e aquisições, situação que pode ser ilustrada pela recente
compra da ExLibris pela Proquest.
É difícil encontrar bibliotecários para atuar nesta área.
O perfil é bastante específico e o bibliotecário deve estar aberto para
situações diferentes. Nem todos estão preparados para isto! Também precisa ter
boa didática e facilidade para falar em público, afinal ministramos
treinamentos, fazemos reuniões e apresentação de cursos e palestras. Se a
pessoa tem dificuldade com estes aspectos, sua atuação será restrita.
Bibliotecário de sistemas não tem usuário, acervo, processamento técnico etc.
Mas tem que saber detalhadamente como são as atividades na biblioteca, caso
contrário não estará apto para auxiliar o cliente ou contribuir com o
desenvolvimento da solução.
Acho que as oportunidades aparecem para os que se
preparam para elas.
Camila
- Gostaria de acrescentar mais alguma informação?
Liliana
Serra - Apesar de ser um “chavão”, acho importante destacar que
é preciso estudar sempre. A faculdade não te dará todas as ferramentas. Isto
ocorre porque as novidades estão acontecendo o tempo todo e a área de
biblioteconomia está passando por profundas transformações.
Como exemplo dou a minha experiência. Quando estava na
faculdade, no início dos anos 1990, tínhamos aula de informática, porém na
lousa, pois não tínhamos computadores ou laboratórios. Naquela época não
estudávamos o formato MARC (nem ouvíamos falar dele no Brasil). Não existia
Microsoft ou Internet. Imagina se dava para responsabilizar a faculdade por não
ter aprendido estas ferramentas? Foi preciso ir atrás, aprender, testar, errar,
tentar de novo. Uma grande parte de bibliotecários teve que aprender MARC na
raça, sem apoio algum, tudo em inglês! O que quero dizer é que não podemos
esperar a faculdade, a empresa onde trabalhamos, a sorte ou qualquer outro
fator externo para evoluirmos. O profissional é o primeiro e único responsável
pelo seu crescimento e evolução!
Se a empresa onde você trabalha não pode custear um curso
ou a participação em um evento, negocie dispensa das atividades para ir às suas
custas. Invista no seu crescimento. Se você não recebe o suficiente para isto,
corra atrás de melhores oportunidades. Se não tem dinheiro para investir,
sirva-se das fontes que temos gratuitamente! Revistas, anais de congressos,
palestras etc. Tem bastante oferta para aprender de forma gratuita e, muitas
vezes, sem precisar se deslocar fisicamente, com eventos pela Web. Não delegue
a terceiros a sua evolução e crescimento profissional. Isto é uma
responsabilidade sua.
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