A professora da FaBCI Maria Rosa Crespo nos contou um pouco sobre seu projeto de doutorado, que envolve séries de TV e representação de racionalidade e inteligência cognitiva! Muito boa sorte, professora!
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Fonte: LinkedIn |
Aí
pessoal da Monitoria Científica da FaBCI, agradeço a oportunidade deste
comentário sobre o meu projeto de doutorado em Comunicação pela Universidade
Anhembi Morumbi.
Então,
é o seguinte:
Pretendo
desenvolver uma análise de conteúdo e formas de representação da racionalidade
e inteligência cognitiva em séries de televisão. Vou conduzir uma análise
histórica e teórica, envolvendo
texto fílmico, narrativa e significados visuais e sonoros, buscando
elementos que permitam uma correlação e comparação com representações da
inteligência, conversão de informação em conhecimento e desenvolvimento de
raciocínio lógico. Interessa também averiguar quais funções cerebrais são
mobilizadas para o aumento da capacidade cognitiva e da aprendizagem
(pensamento racional, análise e síntese, contraposição de ideias), e qual é o
papel da narrativa e da emoção nos processos de memória, de acordo com a
neurociência e o cognitivismo.
A
narrativa complexa que vemos hoje nas séries de TV é uma alternativa às formas convencionais
das novelas, mas sua recepção pressupõe maior capacidade de recortes, links de
conhecimento e mobilização de estoques de informação. As séries vêm
experimentando, nos últimos anos, uma sofisticação cultural e um aumento da
complexidade narrativa que vem sendo apontada como a razão do seu sucesso de
público. Estaria esse gosto pela complexidade ligado à maior quantidade de
sujeitos escolarizados e à democratização do acesso ao ensino superior? Ou
seria apenas uma forma de acompanhar o modismo, sem uma real participação ou
aproveitamento do conteúdo e compreensão da novidade? Com que subsídios e com
qual estoque informacional o sujeito comum, egresso de uma educação pública
comprometida, se apresenta para essa discussão? De que forma esse aprendizado é
transferido para suas próprias questões, cuja solução demanda equacionamento e
finalização?
O
pesquisador e professor argentino Néstor Canclini acredita que a fragilização
de identidades nacionais e de pertencimento, frente à onda neoliberal globalizante
das décadas de 1980 e 1990, contribuíram para desorganizar o mapa conceitual do
sujeito comum, levando a uma paralização intelectual e uma estupefação
alimentada pelo fluxo constante de informações fragmentadas, exógenas e fora de
contexto.
Já o pesquisador e
educador francês Edgar Morin, que foi Ministro da Educação da França entre
outras coisas, diz que quando se dá a virada do milênio, a internet, as redes
sociais e os meios interativos passam a substituir, de certa forma a recepção
televisiva, e, se por um lado produzem as condições de encontro e congregação
sem precedentes, por outro favorecem uma inadequação cada vez mais ampla entre
os hábitos de consumo da informação – separada, fragmentada, compartimentada – e
realidades, experiências e questões transversais, multidimensionais e transnacionais.
Neste ponto do milênio, muitos acreditam que é preciso
desenvolver a consciência crítica do sujeito social, retomar a polêmica, o
debate e o pensamento racional como formas de aquisição do conhecimento, para
que a participação orgânica e simbiótica da tecnologia em nossas vidas seja
usufruída com maior auto-governança.
É isso aí. Se quiserem conversar sobre o assunto me procurem.
Ficarei feliz.
Abs.
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