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Sidnei Rodrigues de Andrade |
Na década de anos 80 meu pai trabalhava numa borracheira no bairro de Moema zona sul da cidade de São Paulo, não tínhamos o habito de comprar e ler livros. Ele (meu pai) trazia para mim gibis da turma da Mônica, eu adorava ganhar. Em seguida, lia todos os dias e depois guardava numa caixa de tomate. Nessa brincadeira, cheguei a ter mais ou menos 100 gibis da Turma da Monica, também lia os jornais Folha de São Paulo e Estado de São Paulo. Meu primeiro contato com Biblioteca foi na escola municipal perto da minha casa. Aquilo para mim era uma floresta que tinha que ser explorada e descobrir que tinha dentro aqueles livros, era o lugar que mais gostava de frequentar. Na minha adolescência gostava muito de visitar as bibliotecas do Centro Cultural São Paulo e Mario de Andrade. Surgiu um pensamento “gostaria de trabalhar numa biblioteca”! Achava isso impossível de acontecer, fazendo um trabalho voluntario no programa Escola da Família, ensinando a língua espanhola e a pratica do Tênis de Mesa. Nessa oportunidade conheci a irmã de três alunos que estavam ensinando a língua espanhola, fui até casa deles para apresentar como “professor” de espanhol e ela me perguntou se eu era formado em alguma graduação, então respondi: “Não, que apenas era um estudante que praticava espanhol sozinho”. Nesse dialogo conversamos sobre vários assuntos. Essa irmã dos meus três alunos do curso de espanhol, disse uma palavra mágica: “Por que você não faz Biblioteconomia”? Eu disse: “Bíblio, o que”? Relatou que são pessoas trabalham em biblioteca, a partir desse aparecimento da palavra mágica fui pesquisar o que era isso realmente.
Quando cheguei à Fespsp em Fevereiro de 2011, sinceramente estava com muito medo dos trotes que aconteciam nas faculdades. Os meios de comunicações relatavam sobre alunos que foram agredidos por meio de trotes violentos, mas logo nos primeiros dias de aula não houve nada disso, ao contrário, fomos recepcionados e apresentados aos professores que iam lecionar para minha turma daquele semestre. O Curso de Biblioteconomia e Ciência da Informação me ofereceu grandes possibilidades de aprendizado, porém minhas maiores dificuldades foram duas: as matérias técnicas, cujo conhecimento é necessário para se trabalhar numa unidade de informação e o fato de que não tendo computador, tornava-se mais difícil compreender os ensinamentos dos docentes. Durante estes dois anos de graduação de Biblioteconomia e Ciência da Informação aconteceram inúmeras observações, como diz o velho ditado: “não existe nada bom sem defeito”. Essa nova grade curricular de três anos é muito veloz, por exemplo, há uma imensidade de belíssimos textos para ler, porém infelizmente não temos “tempo suficiente” para analisar com cautela e compreensão. Às vezes penso que “será que é a velocidade da nossa sociedade moderna ou uma avalanche de informação que não estamos conseguindo acompanhar”. Uma lição que aprendi todos os dias na FaBci foi: ser solidário com meus colegas, parceiros, companheiros e amigos. Trocar experiências com pessoas independentemente de sua origem; ver seres humanos que contém as mesmas dificuldades e histórias e que podem me proporcionar o conhecimento de que não podemos viver numa ilha isolada e sem amor.
Nosso curso de Biblioteconomia e Ciência da Informação apresenta uma boa inserção no mercado de trabalho. Estamos sendo preparados para sermos excelentes profissionais da informação e daqui em diante muitas empresas irão requisitar um gestor do conhecimento que possa planejar, tratar e organizar qualquer suporte de informação. A informação em nossa sociedade contemporânea apresenta-se de forma fragmentada e o único profissional que pode reconstruir uma nova arquitetura da informação dentro desta sociedade do conhecimento é realmente o Bibliotecário. Trabalhando em conjunto com outras áreas multidisciplinares e exercendo seu papel social, que é disseminar a informação para toda sociedade brasileira.
Aprendi três princípios básicos que são: compartilhar, exercitar nossa solidariedade e sabedoria. Uma grande lição que aprendi também como futuro Bibliotecário é que me dou conta de quanto ainda sou ignorante, pois a ansiedade de saber mais proporciona aprender e adquirir novos conhecimentos humanos. Como diria o filósofo grego: “Só sei que nada sei” – Sócrates.
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