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A conservação de arquivos físico e digitais: Perigos, manobras e estudo a respeito.

Já conhecem o blog “Biblioteconomia Vagas de SP”? É um blog criado pelo bibliotecário Wellington Ferreira Rodrigues, formado pela FESPSP em 2010, que tem como objetivo publicar gratuitamente vagas nas áreas de biblioteconomia, arquivologia, museologia e ciência da informação. Além de auxiliar nas contratações de novos bibliotecários, Wellington também nos revela através de suas postagens as mais diversas áreas em que nós, bibliotecários, podemos atuar.
É um costume pensarmos que bibliotecários ficam restritos ao triângulo bibliotecário: pública, escolar e universitário. Conforme começamos a conhecer a área vemos que também possuímos lugar em acervos jurídicos, arquivos, acervos pessoais, museus, acervos históricos e culturais e principalmente em instituições particulares e públicas. Mas apesar disso sempre acabamos nos conflitando com os mesmo tipos de materiais.
Por isso quando vemos vagas em bancos de imagens nos surpreendemos um pouco. Não que não soubéssemos que fotos podem ser tratadas (indexadas, classificadas e catalogadas), mas, mesmo sendo um dos materiais mais populares, ele também se revela um dos mais enigmáticos quanto a sua conservação, armazenamento e posterior recuperação.
Por que afinal se torna tão difícil conservar um acervo fotográfico? Quais as dificuldades encontradas em relação aos filmes, negativos... Mais ainda: Como a fotografia digital se encaixa nesse perfil? Ela deve ser tratada da mesma maneira? Como devemos conservar algo que tem como suporte CD’s, DVD’s, cartões de memória e HD’s?
O fotógrafo, e também aluno da FESPSP, Marcos Issa é um especialista em organização e conservação de acervos fotográficos digitais. Dono de um estúdio fotográfico e do banco de imagens Argosfoto ele nos cedeu uma entrevista onde esclarece alguns pontos a respeito da conservação de acervos fotográfico físicos e digitais.

O que você considera mais fácil de organizar e preservar, acervos físicos de fotografias ou digitais? 
Os acervos físicos, se conservados em condições razoáveis podem durar muitos anos. Não existe, entretanto, uma maneira perene de guardar arquivos digitais, que são muito mais frágeis. A conservação de digitais depende de vários fatores: da mídia, dos softwares e de hardwares. 
Costumo dizer que acervos com 5 anos correm mais riscos que os de 50 anos atrás! 
No entanto, organizar o digital é, para mim, bem mais simples que organizar acervos físicos. O segredo é começar ordenadamente, desde a importação das imagens do cartão... Alguns softwares hoje ajudam muito nesta tarefa. Softwares mais antigos, como o Photoshop, de 1989, foram concebidos antes da fotografia se tornar digital, portanto não ajudam a organizar o fluxo de trabalho dos fotógrafos. 

Qual seria o primeiro passo para alguém que quisesse organizar um banco de imagens? 
Em geral encontro acervos mistos, com fotos em papel, transparências e montanhas de traquitanas digitais. Se o acervo físico não estiver na iminência de um desastre, prefiro começar organizando o digital, tentando assim estacar a sangria, fazendo que novas aquisições já entrem no padrão desejado. 
Mas já encontrei situações onde o acervo físico estava espalhado dentro da empresa, com caixas em containers sob o sol ou mofando em armários de madeira. Neste caso reuni todo o material em uma única sala climatizada para então avaliar caso a caso. 
Marcos Issa. Fotógrafo e aluno do 3º Semestre de Biblioteconomia pela FESPSP.

Quais são os maiores erros que as pessoas cometem ao tentar organizar um acervo físico? E um digital? 

Não sou especialista nos acervos físicos, sempre busco parceria com conservadores nos projetos que me envolvo. Alguém que não sabe lidar com fotografias antigas, poderá destruir o original simplesmente por manipula-lo inadequadamente. Outro erro que vejo é a desintegração das coleções. Muitas vezes a forma que uma imagem se relaciona com as vizinhas fala muito sobre ela, é importante preservar os conjuntos. Existe uma boa literatura disponível, o Centro de Conservação e Preservação Fotográfica da Funarte – CCPF, faz um excelente trabalho, há 25 anos, difundindo boas práticas. 
No entanto, quando falamos dos acervos digitais a encrenca é grande! Pouca literatura, pouca gente capacitada, pouco conhecimento até! Fora do Brasil, a Biblioteca do Congresso dá suporte à pesquisas e à difusão das melhores práticas em acervos de fotos digitais, disponível no dpbestflow.org.
Os erros cometidos são muitos, muitos mesmo! Por isso arquivos importantes, como os de diversos jornais brasileiros, já perderam boa parte das imagens geradas nesta última década. O maior erro é acreditar que as mídias são duráveis: CDs, DVDs e HDs duram em média 4 a 5 anos. Precisamos urgentemente difundir boas práticas para acervos digitais! 

Qual a importância dos metadados na catalogação de fontes de informação? 
Total! Arquivos digitais são invisíveis, não os enxergamos diretamente, eles precisam ser decifrados por máquinas. Encontramos estes arquivos graças às informações existentes sobre eles. Dados sobre dados, os metadados! Não existe acervo digital, seja de fotografia, música, vídeo, etc que possa ser organizado sem metadados! O papel do indexador é inserir informações confiáveis sobre os arquivos. Feito isto, a recuperação da informação fica fácil!

O uso de Metadados na Catalogação de Recursos Informacionais foi o tema escolhido pelo aluno Adrian Carneiro, orientado pela professora Concília Teodósio. Ele fala exatamente sobre a importância dos dados que inserimos nos documentos durante a catalogação, principalmente tendo tantos documentos em ordem digital atualmente, a catalogação manual se torna obsoleta, falha e incompleta, por esses motivos nós sempre devemos nos atualizar quanto aos mais diferentes recursos disponíveis a nossa volta e as novidades no mercado da informação.


O AACR2, por exemplo, bíblia para qualquer catalogador, principio básico para a utilização do Marc 21, está se preparando para dar lugar ao RDA, novo mecanismo voltado totalmente para a plataforma digital.
Mas como visto acima, o documento digital tende a correr mais perigo que o físico, e é sobre esse assunto que a aluna Rafaela Bernache discorre em seu TCC, orientada pelo professor Charlley Luz, Preservação Digital na gestão da informação: estratégias e formatos de armazenamento.
Podemos ver que a preocupação com o digital é real e bastante atual! Em uma época que aparelhos tecnológicos são substituídos a cada semestre, é necessário que nós como cientistas da informação sempre estejamos juntos às pesquisas, em busca de melhores maneiras de organizarmos, preservarmos e recuperarmos a informação seja ela qual for.

Ficou interessado? Então confira abaixo a lista de TCC’s que receberam o parecer em 2013.

TCC - Relação de autores, títulos, orientadores e banca

Nome(s) completo (s) do(s) alunos

Título final do TCC

Nome do orientador

Indicação Banca ou Parecer

Nome dos membros da Banca ou Pareceristas
Janete Costa Marques
Direitos autorais e internet: um novo cenário para o bibliotecário e seu objeto de trabalho
Andréia Gonçalves Silva
Parecer
Maria Mercês Apóstolo;
Ivan Roussef       
Venina De Delmondes Herculano
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Rosangela Cano Ferreira de Carvalho e
Cristiane Pontes Ribeiro
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FEUERSTEIN NA ATUAÇÃO DO BIBLIOTECÁRIO ESCOLAR
Nádia Hommerding
Parecer
Maria das Mercês Apóstolo
Ana Silva Rosal

Aparecido José Bastos Rodrigues
Conservação de documentos fotográficos
Fernanda Brito
Parecer
-Tânia e Henrique
Marco Antonio Oliveira da Silva e Gustavo Moura
Avaliação de gerenciadores de referência
Vânia Funaro
Parecer
Francisco Lope e Henrique Ferreira
Leonice Medeiros
O livro da Idade Média
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Colaboração da matéria: Marcos Issa. 

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