Um
dos centros de informação mais populares está sendo posto em pauta hoje: as
bancas de jornais. Por que discutir a respeito? As bancas de jornais tem sido
por décadas um dos ambientes mais visitados, sendo originalmente para a aquisição
de jornais e revistas. Hoje, por outro lado, tais estabelecimentos oferecem uma
gama gigantesca de produtos das mais diferentes marcas, razões e objetivos.
Apesar
de ser fato conhecido que bancas de jornais vendem cigarros, bebidas, doces,
acessórios, aparatos tecnológicos, entre outros, a lei que permitiu tal
comércio é nova: foi sancionada em dezembro de 2013, após anos de luta por
parte dos jornaleiros pelo direito de vender outros tipos de produtos em seus
comércios.
A
aprovação da nova lei foi atribuída principalmente aos interesses de grandes
empresas em comercializar seus produtos no maior número de estabelecimentos comerciais possíveis. A Copa do Mundo traz ao Brasil uma gama de novos
consumidores, e velhos interesses. Mas, afinal o que os bibliotecários podem
tirar a respeito disso?
O
principal medo ao se sancionar essa lei era que as bancas de jornais perdessem
seu objetivo original (a venda de jornais e revistas).
Com
o avanço da tecnologia não é mais necessário sair de casa ou pagar para se ter
informação. Diversos jornais onlines e gratuitos lhe oferecem a informação do
dia, do mês, da cidade, do país em apenas um clique. Um timer foi acionado para o fim do jornalismo impresso: pesquisas
comprovaram que a distribuição do jornal impresso caiu em 17% na Europa
Ocidental e nos Estados Unidos (fonte: Carla Lisboa),
um burburinho se instaurou entre os donos de banca. Será que no Brasil poderia
ser diferente?
Sim,
poderia. Pelo menos é o que dizem os próprios jornaleiros. Em busca de
respostas entramos em contato com Luiz
Camera dono da Banca do Luiz
localizada na zona norte de São Paulo. Ele afirma que o que ainda mais vende é
o jornal e a revista, e não se sente ameaçado pela internet, seu adversário é outro.
1.
Hoje em dia é muito comum você adquirir material de leitura
online, você acha que isso prejudicou as bancas de jornais?
As leituras online não prejudicaram
as bancas, quem gosta de ler continua comprando as revistas. Os maiores concorrentes
das bancas são as assinaturas de jornais e revistas.
2.
Qual é seu produto
mais vendido, e qual é faixa etária que mais compra em bancas de jornais?
Jornais, revistas semanais e
quinzenais de economia e atualidades, revistas de fofocas. A faixa etária é entre
18-45 anos.
Seu
Luiz, como gosta de ser chamado, diz que a frequência dos jovens é comum, na
verdade muitos deles se tornam clientes fieis. Dono da banca de jornal há quase
dez anos ele testemunhou a mudança de hábitos e preferências até a necessidade
de adaptação para um publico cada vez mais exigente.
Cinco
anos atrás ele teve a oportunidade de trocar a sua antiga banca por uma maior e
mais espaçosa. O motivo? Organização. Ele percebeu que a organização do seu
material era necessária para a evolução do comércio.
3.
Como você organiza o
seu material (jornais, revistas, livros) na sua banca de jornal? Você acha que
a organização é importante?
A organização é importantíssima,
primeiro por títulos, depois infantis que são nas prateleiras mais baixas, femininas
em uma altura de fácil visualização e as masculinas localizadas em lugares mais
altos. Também um local só para adolescentes e outro para passatempos.
4.
O que o publico jovem (13-20 anos) mais consome na banca?
Entre 13 e 20 anos a preferencia é
de mangás, revistas de ídolos e quadrinhos.
No
dia 30 de janeiro é comemorado o dia nacional da história em quadrinho, a
importância desse material já é vista a muito tempo, sendo uma das áreas mais
populares em feiras do livro é impossível ser ignorada.
O
mangá, versão japonesa da história em quadrinho, é um dos mercados que mais vem
crescendo. Grandes editoras vem investindo pesado em trazer cada vez mais
títulos para o Brasil. Cinco ou seis anos atrás era comum você encontrar apenas
meia dúzia de títulos mensais de cada editora, hoje porém a quantidade dobrou,
resposta ao interesse dos jovens por esse novo conteúdo.
“Quase
não tenho mais espaço para eles” reclama Luiz ao se referir à parte exclusiva
de sua banca que foi reservada para esse material: conjunto de sete prateleiras
cheias que rapidamente são consumidas e abastecidas com novos volumes.
Todos
os dias nos vemos afogados em questionamentos de como incentivar a leitura para
essa nova geração que nasceu voltada para um monitor, talvez esteja na hora de
nós tirarmos nossos olhos conservadores do que é conhecido e nos aventurarmos
além para descobrir o que poderia atrair essa gama de novos leitores.
Aparentemente
Seu Luiz já descobriu.
Ficou
interessado? Então confira a Gibiteca Monteiro Lobato, espaço dedicado às histórias em quadrinhos que reúne
aproximadamente 3500 exemplares de álbuns, gibis, mangás e RPG.
Endereço: Rua General Jardim, 485 - Vila Buarque.
Horário: 2ª a 6ª feiras das 8h às 18h, sábados
das 10h às 17h e domingos das 10h às 14h.
Colaboração na matéria: Luiz Ramão
Camera.
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