Relato sobre a Teoria Matemática da Comunicação na prática do bibliotecário - Por Éderson Ferreira Crispim
No mês de maio, a professora Tania Callegaro convidou o bibliotecário (formado pela FESPSP) e mestrando em História da Ciência (pela PUC-SP) Éderson Ferreira Crispim para falar a respeito da Teoria Matemática da Comunicação na prática do bibliotecário e ele aproveitou para escrever este breve relato que você lê abaixo:
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Fonte: Google Imagens |
A Teoria Matemática da Comunicação na
prática do bibliotecário foi tema de aula aberta realizada em 26 de abril
na FESPSP e contou com a participação de Winderson Gomes e a minha, como
bibliotecários formados pela FaBCI/FESPSP. Fomos convidados pela Professora
Dr.ª Tânia Callegaro, docente na área de Teoria da Comunicação para
contribuirmos com alguns exemplos práticos, o que incluiu consulta em bases de
dados e catálogos bibliográficos. A abordagem foi enriquecida por uma exposição
de ideias teórico-práticas mediadas pela professora. Esta abordagem visou
melhorar o entendimento dos elementos gerais da teoria da informação com ênfase
no ruído causado pelo intercâmbio automatizado entre sistemas. Dos critérios
apresentados pela Teoria Matemática da Comunicação notamos que o
elemento que funda a generalização teórica e, consequentemente, o
aproveitamento de outras áreas do conhecimento, está diretamente relacionado
com o conceito de ruído informacional (associado com a desorganização/
entropia) no processo de transmissão-reprodução de uma mensagem de um lugar
para outro.
Em resumo, entendemos que, é importante perceber o ruído como
inerente ao processo de comunicação mecanizada, para, a par disso, se poder
avançar as várias estratégias de recuperação, transmissão e reprodução da
mensagem com uma maior integridade. Tecnicamente, esse processo de reprodução
“exata ou aproximada” de um lugar a outro é onde reside o problema fundamental
da teoria da informação apresentado no livro The Mathematical Theory of
Communication (1949) dos cientistas matemáticos Claude E. Shannon
(1916-2001) e Warren Weaver (1894-1978). Diante desse entendimento, buscamos
relacionar a instrumentalização técnica da prática bibliotecária através do
tradicional núcleo duro da profissão (catalogação, classificação e indexação),
como práticas em que mais se reconhecem o repertório matemático (fluxogramas,
lógica formal, estatísticas, coeficientes de precisão e revocação, codificação,
etc.), bem como sua aplicação, de um modo geral. Em síntese, tanto a prática da
classificação como a de indexação integram-se ao processo de catalogação
automatizada e ao compartilhamento em rede.
Caso histórico na informatização e
automação de bibliotecas está relacionado com a criação e desenvolvimento do
formato MAchine-Readable Cataloging (MARC), projetado na Biblioteca do
Congresso na década de 1960 pela analista de sistemas e pioneira em programação
Henriette Avram (1919–2006), sua proposta de codificação dos campos descritivos
das Regras de Catalogação Anglo-Americanas (AACR) permitiu mais economia de
informação e maior desempenho computacional através da estrutura estocástica do
registro em uma espécie de formulário bibliográfico único composto por campos
fixos e variáveis relacionais, tornando-o, assim, em tese, intercambiável. Vale
ressaltar que, tamanho foi o sucesso do projeto MARC internacionalmente, que
levou a Biblioteca do Congresso a conceder o título de “bibliotecária” por honoris
causa a Henriette Avram.
Bibliografia
MATTELART, Armand; MATTELART, Michèle. História
das teorias da comunicação. 7.
ed. São Paulo: Loyola, 2004.
QUINN, Mary E. Historical
dictionary of librarianship. Rowman & Littlefield: Lanham: Boulder: New
York: Toronto: Plymouth, UK, 2014.
SHANNON, Claude E.;
WEAVER, Warren. The mathematical theory of communication. Urbana, Ill.: Univ. of Illinois. 1949. Disponível em:
https://archive.org/details/in.ernet.dli.2015.503815/page/n3. Acesso em: 2 maio
2019.
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