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Professora Maria Rosa Crespo |
Como efetivamente criar e gerir conhecimento na empresa? O que é,
afinal, a Gestão do Conhecimento? A professora Maria Rosa Crespo, pesquisadora
do tema, conversou com a MC sobre os benefícios de se integrar uma empresa sob
esta abordagem, com exemplos reais. Sob a Gestão do Conhecimento, é possível
fazer com que “os colaboradores conversem entre si, desmanchem barreiras,
derrubem preconceitos”, afirma a professora. Leia
na entrevista a seguir:

“Dentro dessa espiral, o Takeushi e o Nonaki dividem a empresa em
quatro partes: tem uma parte da criação do conhecimento, que está focado mais
em laboratório, pesquisa e desenvolvimento, e tecnologia, quando se criam novos
produtos e novos processos. É o momento da criação, em que o colaborador
desenvolve uma coisa nova, de dentro de si para fora. Esse é o momento inicial,
“ e se a gente fizesse desse jeito?” Essa
área de pesquisa e desenvolvimento precisa fomentar conhecimento na medida em
que ela dá condições para o colaborador (tempo, condições estratégicas,
condições de laboratório, tecnológicas) de criar conhecimento.”
“Depois, tem uma área que precisa socializar esse conhecimento: a
área de comunicação da empresa. Ela vai fazer com que os colaboradores conversem
entre si, desmanchem barreiras, derrubem preconceitos, troquem informação e
conhecimento, falem dos processos, desmanchem mal-entendidos. Tudo isso faz
parte da gestão do conhecimento por que vai abrir o dique para o conhecimento
fluir. Gente nova que chega na empresa (pode propor): “ lá onde eu
trabalhava, a gente fazia isso aqui de outra forma”. Se você tem gestores que
são travados (e replicam): “Ah, não me interessa como você fazia na sua
empresa, aqui a gente faz assim e vai continuar fazendo assim”, isso é uma das
maiores barreiras para o desenvolvimento de processos: pessoas que são
resistentes à mudança. Elas precisam ser sensibilizadas quanto à necessidade de
competição, de se transformar em uma empresa competitiva, em mercado
globalizado. Isso tudo se faz com ações, com conversas, com oportunidades. Por
exemplo, na empresa onde eu trabalho temos um filme por mês, um filme que está
passando no cinema, que aborda questões corporativas ou questões de
comportamento. Vai todo mundo para uma sala, a gente ganha um almoço, assiste ao
filme e depois debate. O último filme a que nós assistimos foi “A hora mais
escura” (horrível, tem umas cenas de tortura que são terríveis).”
“(Depois disso), vai para uma área que se chama Registro, Guarda e Recuperação,
onde entra o bibliotecário e o gestor da informação. Tudo aquilo que foi
pensado, socializado, dividido, analisado, tem que ser registrado em algum
suporte: gravação de áudio, foto, filme, escrita, análise, relatório, e tudo
isso precisa ser guardado em algum lugar, com uma óptica de quem está fazendo
gestão da informação estratégica. Aí entra o bibliotecário especificamente,
dentro de um sistema, disponibiliza (a informação) no portal da empresa, faz
modelos, assim o outro não precisa ficar lá quebrando a cabeça “como se faz
isso?, (faz) “jurisprudência corporativa”, ou seja, estudos de caso, lições
aprendidas. Ele coloca a informação em um formato consumível de acordo com o
perfil de cada usuário.”
(E na última porção) vai para a área da educação corporativa, que é
a área da transmissão do conhecimento, que vai mandar esse funcionário da
Pesquisa e Desenvolvimento para estudar em uma universidades, (oferecer)
subsídio de faculdade, cursos e treinamentos internos, pessoas mais experiente
ensinando quem sabe menos, programas de menor aprendiz, tudo isso é área de
gestão do conhecimento. É uma área muito ampla e que precisa ser dividida
dentro das empresas para que ela possa ser feita da melhor forma possível. Ou, você
tem uma área do conhecimento com uma equipe multidisciplinar que vai dar conta
de tudo isso, com bibliotecário, gestor, gente de comunicação e marketing, de
pesquisa e desenvolvimento, finanças, pedagógica...A Petrobrás tem uma área
enorme de Gestão do Conhecimento e tem um portal que se chama Inove que tem uma
série de conteúdos já formatados em aulas. As pessoas que prestam serviços para
a Petrobrás podem registrar seus funcionários para fazerem as aulas à distância
e pagam uma quantia mínima. Mas, isso tudo é resultado de investimentos de anos
a fio em Gestão do Conhecimento. Tem aulas de ética, de finanças, como fazer
uma nota fiscal, o que é cadeia de valor, o que é a ISO 9001, o que é
sustentabilidade, direção defensiva, segurança no trabalho, uso de EPIs,
alimentação saudável, tem de tudo no portal. ( a própria empresa produz o conteúdo
que lhe interessa, ou contrata terceiros para produzir).”
Na Arcades/Logos, estamos na parte de Registro, Guarda e Recuperação
da Informação. Tem o pessoal da área de Treinamento,
de Recursos Humanos, e de Comunicação, cada um fazendo a sua parte. (está
funcionando?) Olha, a gente imagina que esteja, a gente não vê os resultados
assim, não tem como mensurar. (Não tem sinais de que está funcionando?) Você vê
sinais no dia em que você encontra alguém no elevador e a pessoa fala: “Aquilo
que você me mandou serviu muito por que me ajudou em tal coisa... você vê nas
pessoas o resultado, não tem como mensurar. Nenhuma empresa vai poder dizer
“Mensuramos os resultados da nossa gestão do conhecimento” (é um resultado
intangível mesmo). Você vê a empresa, sente a empresa, o ambiente, um
colaborador ajudando o outro, trocando informação. Eu recebo muito email de
funcionários que dizem: “Olha, Maria Rosa, eu falei com o fulano sobre isso e
aquilo e ele falou que você pode me ajudar.” As pessoas se falam."
"(dicas de leitura). Básicos: Nonaki e Takeushi, Peter Druker, e o site da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento (SBGC). Eles têm muitos eventos, têm muitos artigos publicados, fazem eventos internacionais, é muito interessante o site deles. Tem a KM (Knowledge Management Internacional), que também faz eventos de quatro em quatro anos muito interessantes. (outras empresas que usam a gestão do conhecimento?) A Oderbrecht, a Petrobrás, o McDonalds, o Senac, a 3M, tem muitas empresa adotando as ideias principais.
Quem é Maria
Rosa Crespo
Pós-graduação em Sócio Psicologia pela Fundação Escola de Sociologia
e Política de São Paulo, em andamento. Pós-graduação em Psicopedagogia pela
Universidade Presbiteriana Mackenzie-SP. Graduação em Biblioteconomia e Ciência
da Informação pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
Docente da FaBCI e da ADM ambas da FESPSP. Experiência na área de Ciência da
Informação, com ênfase em Gestão do Conhecimento, atuando principalmente nos
seguintes temas: gestão de serviços de informação, gestão do conhecimento, educação
corporativa. Acesse aqui
o curriculum lattes.
Saiba mais:
Leia o artigo “A
promoção do conhecimento em uma empresa de engenharia consultiva: integrando
biblioteca, acervo técnico e documentação”, junto com a professora
Valéria Valls
Adorei a entrevista e adoro a Profa. Maria Rosa :)
ResponderExcluirFabio, a professora Maria Rosa é, sem dúvida, muito querida entre os nossos professores e conversar com ela é irresistível, sempre muito atenta a tudo e pronta para ajudar.
ResponderExcluirContinue participando do nosso blog, obrigada pela mensagem!
Entrevista enriquecedora e estimulante para os interessados na área, como eu! Muito bacana termos acesso a como pensam e trabalham, na prática, os profissionais da área.
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