Nosso querido professor José Mario nos mandou um depoimento de como tem sido sua experiência de lecionar durante esse período de quarentena, sempre irreverente ele abre o coração e nos conta um pouco desse momento em sua vida profissional.
""Que beleza!!! Além de SÓ DAR AULAS,
AGORA PODE FICAR EM CASA, hein? Isso que é vida!!!”
Sim, parece bizarro, mas foi o que ouvi – por
mais de uma vez – quando começamos as atividades remotas. Parece loucura, mas
ainda existe gente que acredita que “dar aula” não é um trabalho e que “ficar
em casa na frente do computador o dia todo” é fácil.
Bom, se tem gente que acredita em Terra Plana,
quem sou eu pra discordar de gente que pensa assim, não é mesmo?
Mas o que importa não são esses que pensam
assim. Pra esses, a gente dá uns “30% de desconto”. O que importa é que estamos
numa nova rotina, num tempo de adaptação e redescoberta de muitas atividades
que fazíamos até há pouco menos de três meses. E comigo não tem sido diferente.
Dar aulas remotas, reuniões virtuais,
webinares, participar de aulas remotas no doutorado, escrever uma tese,
corrigir trabalhos, preparar mais atividades para as aulas, ficar sentado em
frente a uma tela por 12 ou 14 horas seguidas tem sido parte desta rotina nesse
tempo louco de pandemia.
Quem imaginou que, em pleno século XXI,
seríamos obrigados a parar – literalmente - e rever nossos hábitos e costumes?
Quem imaginou que no ano de 2020 teríamos que limpar com álcool-gel – ou álcool
em gel – tudo o que chegasse da rua? Quem imaginou que estaríamos participando
de um filme de ficção científica – muito real, por sinal – e sem receber nenhum
cachê pela atuação?
Pois é. Novos tempos.
E, ainda por cima, toda a incerteza gerada pelo
que estamos vivendo, por não saber como será o amanhã e quando esse amanhã
chegará. Nossa nova rotina nos apresenta, como “bônus”, uma grande carga de
ansiedade e angústia.
E como essa ansiedade aperta, não é mesmo?
Aqui eu digo: calma, respira, vai passar. Uma
hora tem que passar. E vai passar mais rápido se fizermos o que está no nosso
alcance.
Esse momento atual virou nossa rotina de ponta
cabeça. Então bora respirar e colocá-la de cabeça pra cima novamente. Sem
culpas, sem cobranças além do necessário. Não se culpe se não leu todos os
livros que queria porque teve que ajudar mais ainda nas tarefas de casa. Não se
culpe se não conseguiu reformar ou repintar as paredes da cozinha porque agora
todos da casa estão ocupando os espaços por mais tempo com atividades remotas.
Não se culpe se seu TCC não está saindo nota 11 ou se, por vezes, você fica
cansado por ter que fazer um trabalho para aquela disciplina mais complicada.
Não se culpe se não conseguiu fazer dieta, chamadas por vídeo com todos os seus
amigos, participar de todos os webinares ou aulas na internet pra acumular
horas de atividades complementares. Não é momento pra se cobrar demais. Não é momento
para querer parecer super-heroínas e super heróis. Somos humanos. Não super. Só
humanos.
Se conselhos fossem bons, eu os venderia, então
quero propor alguma coisa aqui: vamos, como eu, fazer o que dá pra fazer nesse
momento? Vamos, sim, pensar no futuro, mas tentar viver o hoje da melhor forma
possível? Bora tentar ver o copo meio cheio? Eu tô tentando. Às vezes é bem
difícil, mas te convido pra tentar comigo. Não é fácil, mas quem disse que
seria, não é?
Pra quem pode, fique em casa; pra quem
não pode, por favor, cuide-se! Até breve. Com um abraço real. "
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