Foi feriado e eu não fiz sequer uma lista de filmes para
vocês assistirem enquanto se empanturram de chocolate.
Eu devia me demitir.
Porém, precisamos ser compreensivos e pacientes, duas
características que estão em falta nesse mundo cão. Sendo assim, peço perdão e
como forma de compensação e retribuição por vossa bondade, essa semana teremos
dois filmes e um novo integrante que nos acompanhará até o fim de meus dias, ou
o meu pós-morte de término de curso: Renato Reis.
Renato é aluno do terceiro semestre matutino e logo
haverá um breve resumo sobre sua vida badalada aqui no blog. Por enquanto vocês
podem degustar a sua primeira contribuição com a coluna: Moonlight: Sob a luz do luar, fruto da parceria realizada entre
o Cineclube Darci Ribeiro e o CAFFESP, que por sinal está com uma seleção incrível até o
final do ano, e que teremos o prazer de cobrir alguns de seus filmes!
Só coisa boa, só folia e paz... só gratidão, agora
vamos pros filmões:
Moonlight: Sob
a Luz do Luar (2016)
Por Renato Reis.
Ter a pele tão escura que brilha sob a luz do luar. É
o que traz a fala de Juan, personagem secundário de Moonlight: sob a luz do luar (2016), ou melhor, O personagem. Pois
é o gigante que Mahershala Ali a quem deu vida (não desmerecendo os outros
excelentes atores, claro!). Levou o merecidíssimo Oscar de melhor ator
coadjuvante!
Opa! E não esqueçamos que o filme levou a estatueta de
melhor filme também nesse ano! Só de relembrar o episódio cômico de Warren
Beatty e Faye Dunaway e toda a equipe do La
La Land: cantando estações (2016) no palco da cerimônia já dá pra rir
muito!
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Moonlight: Sob a Luz do Luar (2016)
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Bom, a história gira em torno de Little/Black/Chiron: o filme divide-se na sua infância,
adolescência e vida adulta, personagem interpretado, respectivamente, por Alex
R. Hibbert, Ashton Sanders e Trevante Rhodes. E que vida... Sofrendo sobretudo
com o bullying na escola e nas ruas e com sérios problemas familiares em casa,
dentro dos guetos de Miami (EUA), resiste muito solitário. Tem ajuda de Juan e
sua namorada, Teresa (Janelle Monáe), desde cedo, mas não é o bastante. Também
conta com a belíssima amizade de Kevin (Jaden Piner, Jharrel Jerome e Andre
Holland).
Por ser um sujeito extremamente reservado e
inexpressivo (justamente por conta dessas pressões todas), seu ser é massacrado
o tempo todo. E isso, minha gente, é o que torna o filme dos mais tristes que
podemos assistir em toda nossa vida. Creio eu que a cor azul do cartaz do filme
nos passa muito essa ideia também: de tão triste e dramático, é AZUL!
Uma das tristezas partem da mãe de Chiron também, a
Paula (pela fabulosa Naomie Harris, que está excepcional neste filme), que
demonstram o quão fortes e monstruosos os personagens podem ser e/ou se tornar
diante dos agravos das piores situações possíveis. Como podem destruir momentos
da vida de forma irreversível mesmo sem querer, sem perceber.
O filme nos passa muitas lições de moral também, o que
faz dele inteligentíssimo e traz o que mais precisa ser levantado nos dias
atuais, como a questão do preconceito contra homossexuais. Dá pra verificar
muito isso através do Juan, inclusive, aquele que seria um personagem mais de
plano de fundo, que pouco aparece no enredo e com poucas falas se faz uma
pilastra importantíssima e significativa demais aos valores em construção na infância
de Little (e com o Mahershala dando um show e uma aula de atuação, né,
galera...) e, por que não(?!), para sempre. Ele surge como um pinguinho de
bondade sobrevivendo como pode dentro daquela sociedade má que faz da falta de
perspectivas e dos maus sentimentos de Little o seu mundo fechado, limitado,
sem horizontes.
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Juan e Little rangando na lanchonete
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Pra não estragar a surpresa de vocês, prefiro ocultar
muitas coisas do filme (sou um hater
de spoilers, sim!). Mas as
surpresas são grandes e, realmente, passamos a ver a vida com mais carinho
depois de tudo, além de ser um grande exercício – dos de deixar a consciência
dolorida – de alteridade. O filme também funciona como instrumento de crítica e
acidez à sociedade em que vivemos, o que faz, é claro, qualquer ser humano
rever seus conceitos.
Meus singelos aplausos ficam, inclusive, para os
roteiristas Tarrel McCraney e Barry Jenkins!
TÁ DISPONÍVEL
ONDE!?!
Internet/Cinema (apenas Caixa Belas Artes e Cinearte – corre lá, galeraaaaa!)
Fragmentado
Por Ana Beatriz Cristaldo.
Do diretor Shyamalan (tenta falar isso três vezes e
você já pode adicionar uma nova língua ao seu currículo), que dirigiu: Corpo
Fechado, O Sexto Sentindo e Sinais só belezinhas não é mesmo?, temos o
suspense Fragmentado que conta a
história de Kevin, um homem que possui 23 personalidades distintas.
O filme trata sobre o Transtorno Dissociativo de
Identidade, o TDI em resumo é uma forma da mente lidar com traumas, físicos ou
mentais, de modo a se defender e para isso ela cria novas personalidades para
“te proteger” dessas situações o corpo humano né migs.
No filme Kevin consegue alternar entre suas
personalidades quimicamente em seu organismo apenas com a força de seu
pensamento. WHAT?, ele explica isso ao dizer que “a luz” troca entre
suas diversas identidades, dotadas de características e personalidades
distintas. A doença é conhecida como “dupla personalidade”, mas como o filme
mostra, esse nome foi aposentado já que podem ser mais do que duas identidades
em uma única pessoa.
Pois bem, Kevin sequestra 3 adolescentes, (atenção
aqui para a atriz Anya Taylor-Joy que também está no filme A Bruxa – um baita
filme de terror daqueles que você não quer ir fazer xixi a noite) e as mantém
em cativeiro, através das interações que
Kevin tem com elas conhecemos as principais personalidades usadas aqui: um
homem forte e com TOC que gosta de ver adolescentes dançando nuas; um menino de
9 anos; uma mulher de meia idade controladora, porém gentil; e um estilista gay
estereótipo completamente desnecessário mas enfim que é o cara que controla quem vai ficar com a
“luz”.
Num resumão:
enquanto tentamos entender a história e origem das personalidades de Kevin, as
meninas tentam escapar de sua prisão, pois aparentemente, elas serão entregues
num ritual para uma criatura monstruosa. Não bastando, temos insights da
história de Casey (Anya Taylor-Joy) que vem para explicar o porquê de ela ser
tão “esquisita”.
A ideia do filme é muito boa, e uma baita salva de
palmas ao ator James Mcvoy (o Charles Xavier e Sr. Tumnus) que está psicoticamente
impressionante: em uma cena em especial ele interpreta o Kevin, no momento, sob
a personalidade do cabra que tem TOC fingindo ser o estilista gay para a
terapeuta. É um lance absurdo de talento.
Por outro lado, há coisas desnecessárias como no
decorrer do filme duas das adolescentes (as “gostosas” por que a outra é só
“estranha”) vão perdendo a roupa, sem motivo honrável, e passam 80% do filme
seminuas, cada uma mostrando seus “atributos” mais “atraentes”. Essas aspas
todas são para mostrar meu desconforto de mulher feminista. Ou quando a
terapeuta dá uma de Sherlock Holmes sabe-se lá por que.
E tem a cena pós-créditos que torna tudo um lance meio
Vingadores e nos faz especular se haverá um universo do diretor Shyamalan. Ego?
Mas vale a pena? Todo exercício de arte e expressão
vale a pena!
Vai ver!
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James McAvoy felizineo com a
resenha do filme novo dele <3 o:p="">
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Nota: 6/10
TÁ DISPONÍVEL
ONDE!?!? Cinema
Moonlight
recebeu o selo de qualidade em “drama e problematização do mundo” pelo IAQ
(Instituto Ana de Qualidade).
Fragmentado
despertou o interesse do instituto, mas não foi indicado a nenhuma categoria.
E esta foi a coluna desta
semana que convenhamos, ainda mais maravilhosa. A MC dá as boas vindas ao Renato Reis que veio somar com essa
equipe de monitores voluntários e abrilhantar ainda mais a Monitoria Científica,
afinal, só tem feras nessa trupe SIIIIIM. Confiram seu mini currículo e já sabem,
se quiserem acessar aos demais de toda a Equipe MC 2017 é só ir na aba “Quem faz o blog”.
Renato Reis
É
técnico formado pela Etec, está no 3º semestre/matutino de Biblio da FESPSP e
adora cinema e livros. Amante, também, da natureza e viciado em cerveja, gosta
de todo tipo de cultura e, por isso, consome todo gênero musical,
cinematográfico, literário etc. (com exceção dos franceses), mas dá atenção
especial à fantasia, históricos e sci-fi. Sempre aspirou a ser
músico/historiador/jornalista/vários em um... Mas é apenas um simples guerreiro
de Odin. Email: renato.reis8@hotmail.com
Olá pessoas :)
ResponderExcluirGosto muito da coluna, vcs estão de parabéns!
Muitos filmes apresentados aqui estão hoje na minha lista infinita de "filmes para assistir quando esta faculdade me der um respiro"
Queria saber se vcs tem uma seleção dos bons filmes que ficam no "limbo do netflix", aqueles que não estão ali na primeira página, mas que são os maravilhosos de verdade... (tenho salvas aquelas listas do facebook e do catraca livre, mas sempre bom ter indicações mais próximas ;)
abraços
Larissa
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirOi, Larissa!
ExcluirMuitíssimo obrigado! Ficamos muito felizes ao saber da existência de apreciadores da nossa coluna. :) As listas de filmes a assistir ainda é enorme pra nós também. Afinal, todo cinéfilo tem uma e parece interminável mesmo.
Então, Larissa, por enquanto não temos uma lista claramente definida ainda. Mas aguarde! Temos planos muito legais pra deixar as férias de Junho de vocês recheada de filmes bons do Netflix, uma fartura sem fim no streaming. Não pensaremos duas vezes ao fazer uma listagem incrível pra cansar as vistas de todos vocês de tanto Netflix. O friozinho com cobertores, a pizza e o chocolate são bônus de derreter qualquer coração que goste dessa combinação agradável. Até lá, fique com essa - imensa - lista de classificações fora do feed inicial/mainstream do Netflix que encontrei: http://ogres-crypt.com/public/NetFlix-Streaming-Genres2.html (acessível apenas em desktop e notebook).
Um abração!
Renato