A vida afetiva do bibliotecário entre Memes e literatura adulta
Por: Leonardo Ragacini
Que existe sempre a história do bibliotecário(a) como um(a) senhor(a) que cria gatos em uma casa vazia todos nós sabemos, mas, porém, entretanto e todavia... Quem já viu os memes eróticos da página “cantadas de bibliotecário” percebe uma realidade que existe muito forte fora do Brasil, e que agora tem chegado aqui: o bibliotecário(a) como algo erótico.
Durante um trabalho meu na FESPSP, na parte de tratamento de técnico de acervo, usei a coleção de livros da autora Emmanuelle Arsan. Se você via televisão de madrugada, nos anos 2000 sabe que Emmanuelle é essa.
Emmanuelle Arsan, uma típica mulher da “família tradicional tailandesa” de 1974, causou um grande alvoroço em sua época ao criar a maior, mais adaptada e bem-sucedida série erótica de livros de “soft porn” voltado totalmente ao prazer e fantasias femininas. O “soft porn” são livros no estilo Bianca, Sabrina e afins que mistura uma aventura histórica ou ficcional com toques de sexualidade explícita (50 tons de cinza).
Emmanuelle recebeu poderes místicos de um monge tibetano que a fazem ser imortal e única. Sempre que Emmanuelle morre de velhice, sua alma renasce em outro corpo com todos os outros conhecimentos que ela tinha. Podemos dizer que ao longo da série existem várias Emmanuelles. A personagem podia ser desde uma escrava negra em épocas antigas a uma princesa nos padrões Disney, tudo dependo do que o universo dos livros pedia.
Durante a minha pesquisa para justificar os termos que usaria para desenvolver os livros da série Emmanuelle me deparei com pelo menos duas histórias em que Emmanulle se torna uma bibliotecária sexy e jovem.
Em "Emmanuelle ao redor do mundo" ela é uma bibliotecária indiana que guarda o segredo de um perfume capaz de tornar qualquer homem ou mulher submisso às suas vontades e em "Emmanuelle no espaço", a personagem é uma bibliotecária sequestrada por alienígenas que querem entender a cultura e a sexualidade humana atrás da observação e da experimentação.
Esses dois contos me fizeram ter curiosidade sobre como é visão do bibliotecário pelo anglo oposto do balcão cheio de gatos. Não sei se alguns dos meus colegas já pensaram nisso, mas sabemos que todo ano se formam jovens bibliotecários(as) das mais diferentes orientações sexuais e idades, mas pouco se fala disso. Afinal, o bibliotecário também podem ser visto como algo “sexy” como demais profissões. Exemplos: Personal Trainer, enfermeira, mecânico, policial, professora, motorista de aplicativos e afins.
De forma nenhuma acho isso um demérito da profissão e acho até saudável de um ponto de vista, pois isso nos faz humanos e, vamos concordar, rende ótimas discussões e piadas entre amigos(as).
Em uma breve pesquisa em vários meios em idioma espanhol e inglês (pois, pouca coisa achei em português), fiquei surpreso com a quantidade absurda de material erótico que envolve bibliotecários(as) em todas as categorias que se possa imaginar. HQs, livros, ensaios fotográficos, fanfics e contos eróticos.
Aqui no Brasil o maior exemplo desse tipo de literatura - em modo muito pequeno - foi o lançamento do livro “A bibliotecária” que mistura 50 tons de cinza com pitadas Dewey e grandes doses de clichês. O mais engraçado nessa história foi ver uma jovem bibliotecária retratada como sendo sexy justamente por ser apenas uma bibliotecária jovem.
O livro trata muito dos mistérios e do fascínio da chegada de uma jovem bibliotecária a um ambiente tradicionalista (a bibliotecária pública da cidade) e como ela muda o ambiente e por isso desperta os mais variados desejos sendo apenas “a bibliotecária”. Eu, particularmente, gosto muito de assuntos voltados à sexualidade humana, e isso me levou a estudo da psicanálise, mas isso é outro assunto.
Acredito que é sempre saudável mexer um pouco na caixinha dos estereótipos. Nada contra o senhor(a) cuidador(a) de gatos atrás de um balcão com cara amarrada, mas também nada contra uma visão de bibliotecárias(os) jovens e cheios desejos e fantasias que despertam um fascínio oculto por trás de uma prateleira ou um balcão da biblioteca.
A opinião dos colunistas e dos relatos publicados não representam necessariamente a posição da FaBCI da FESPSP, ou de sua Monitoria Científica. A responsabilidade total é do(a) autor(a)do texto.
Por: Leonardo Ragacini
Que existe sempre a história do bibliotecário(a) como um(a) senhor(a) que cria gatos em uma casa vazia todos nós sabemos, mas, porém, entretanto e todavia... Quem já viu os memes eróticos da página “cantadas de bibliotecário” percebe uma realidade que existe muito forte fora do Brasil, e que agora tem chegado aqui: o bibliotecário(a) como algo erótico.
Durante um trabalho meu na FESPSP, na parte de tratamento de técnico de acervo, usei a coleção de livros da autora Emmanuelle Arsan. Se você via televisão de madrugada, nos anos 2000 sabe que Emmanuelle é essa.
Emmanuelle Arsan, uma típica mulher da “família tradicional tailandesa” de 1974, causou um grande alvoroço em sua época ao criar a maior, mais adaptada e bem-sucedida série erótica de livros de “soft porn” voltado totalmente ao prazer e fantasias femininas. O “soft porn” são livros no estilo Bianca, Sabrina e afins que mistura uma aventura histórica ou ficcional com toques de sexualidade explícita (50 tons de cinza).
Emmanuelle recebeu poderes místicos de um monge tibetano que a fazem ser imortal e única. Sempre que Emmanuelle morre de velhice, sua alma renasce em outro corpo com todos os outros conhecimentos que ela tinha. Podemos dizer que ao longo da série existem várias Emmanuelles. A personagem podia ser desde uma escrava negra em épocas antigas a uma princesa nos padrões Disney, tudo dependo do que o universo dos livros pedia.
Durante a minha pesquisa para justificar os termos que usaria para desenvolver os livros da série Emmanuelle me deparei com pelo menos duas histórias em que Emmanulle se torna uma bibliotecária sexy e jovem.
Em "Emmanuelle ao redor do mundo" ela é uma bibliotecária indiana que guarda o segredo de um perfume capaz de tornar qualquer homem ou mulher submisso às suas vontades e em "Emmanuelle no espaço", a personagem é uma bibliotecária sequestrada por alienígenas que querem entender a cultura e a sexualidade humana atrás da observação e da experimentação.
Esses dois contos me fizeram ter curiosidade sobre como é visão do bibliotecário pelo anglo oposto do balcão cheio de gatos. Não sei se alguns dos meus colegas já pensaram nisso, mas sabemos que todo ano se formam jovens bibliotecários(as) das mais diferentes orientações sexuais e idades, mas pouco se fala disso. Afinal, o bibliotecário também podem ser visto como algo “sexy” como demais profissões. Exemplos: Personal Trainer, enfermeira, mecânico, policial, professora, motorista de aplicativos e afins.
De forma nenhuma acho isso um demérito da profissão e acho até saudável de um ponto de vista, pois isso nos faz humanos e, vamos concordar, rende ótimas discussões e piadas entre amigos(as).
Em uma breve pesquisa em vários meios em idioma espanhol e inglês (pois, pouca coisa achei em português), fiquei surpreso com a quantidade absurda de material erótico que envolve bibliotecários(as) em todas as categorias que se possa imaginar. HQs, livros, ensaios fotográficos, fanfics e contos eróticos.
Aqui no Brasil o maior exemplo desse tipo de literatura - em modo muito pequeno - foi o lançamento do livro “A bibliotecária” que mistura 50 tons de cinza com pitadas Dewey e grandes doses de clichês. O mais engraçado nessa história foi ver uma jovem bibliotecária retratada como sendo sexy justamente por ser apenas uma bibliotecária jovem.
O livro trata muito dos mistérios e do fascínio da chegada de uma jovem bibliotecária a um ambiente tradicionalista (a bibliotecária pública da cidade) e como ela muda o ambiente e por isso desperta os mais variados desejos sendo apenas “a bibliotecária”. Eu, particularmente, gosto muito de assuntos voltados à sexualidade humana, e isso me levou a estudo da psicanálise, mas isso é outro assunto.
Acredito que é sempre saudável mexer um pouco na caixinha dos estereótipos. Nada contra o senhor(a) cuidador(a) de gatos atrás de um balcão com cara amarrada, mas também nada contra uma visão de bibliotecárias(os) jovens e cheios desejos e fantasias que despertam um fascínio oculto por trás de uma prateleira ou um balcão da biblioteca.
A opinião dos colunistas e dos relatos publicados não representam necessariamente a posição da FaBCI da FESPSP, ou de sua Monitoria Científica. A responsabilidade total é do(a) autor(a)do texto.
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