Hoje a entrevista é com Andréa Andira, 43 anos – de
professora de Artes, pintora, empreendedora, designer gráfica à
“bibliotecária”.
Formada em 2014 pela FESPSP.
Atualmente trabalha no Museu Afro Brasil, no núcleo da
Salvaguarda exercendo atividades de Documentação Museológica.
“Entre duas graduações, eu
fiz o curso de Especialização Estudos de Museu de Arte, organizado e realizado
pelo Museu de Arte Contemporânea da USP. No momento estou na etapa final do
Mestrado, no Programa Interunidades em Museologia, também pela USP... minha
pesquisa dialoga com as áreas de Museologia, Documentação Artística e História
da Arte, ou seja, agrega todas as minhas formações. Eu estudo a formação do IDART, um Centro
de Documentação e Pesquisas sobre as variadas expressões artísticas ocorridas
na cidade, criado em meados dos anos 70 e hoje extinto. Curiosamente e
felizmente, a sua criadora era crítica de arte e bibliotecária, formada na
primeira turma de biblio da FESP e teve contato próximo com os idealizadores da
Escola, nos anos 40, como Sérgio Milliet e Rubens Borba de Moraes. Isso tudo
tem me fascinado”.
(Andréa
Andira)
Escolheu a biblioteconomia
por “uma questão de adequação profissional”, já que já atuava na área de
documentação, porem lhe faltava uma base teórica e técnica para aprimorar o
resultado de seu trabalho.
“...
atividade na qual saíamos a campo pra acompanhar e registrar os eventos e
produções artísticas da cidade, entrevistar artistas, curadores. Esses
registros geravam um volume documental considerável, documentação que os
próprios pesquisadores eram responsáveis por selecionar, organizar e
“pré-catalogar”. Foi por aí que eu entrei na área e foi uma experiência
essencial na minha formação. Depois, trabalhei apenas com a catalogação desses
documentos (textos, matérias jornalísticas, fotografias, etc.), que integram,
juntamente com a documentação constituída no antigo IDART, o acervo do Arquivo
Multimeios do Centro Cultural São Paulo. Também fui estagiária no Núcleo
de Documentação e Pesquisa da Fundação Energia e Saneamento, atuando no tratamento arquivístico
da coleção. Fui freelancer no site casa.com
da Editora Abril,
catalogando e indexando as imagens sobre arquitetura, design e decoração de sua
base de dados. Ultimamente tenho me arriscado a dar aulas sobre organização e
tratamento de acervos museológicos, dentro do Curso de Extensão “Centros de
Documentação e Memória” da FESP, organizado pela professora Simone
Fernandes. Tem sido uma parceria deliciosa”.
(Andréa
Andira)
Para Andréa, a
Biblioteconomia é uma área técnica que prepara o profissional para o mercado de
trabalho. Para se expandir e se desenvolver, porém, deve abrir e dialogar com
outras áreas e disciplinas.
“Achei
enriquecedora a convivência com pessoas que tiveram outras formações e que
atuam em áreas tão diversas, como aluna da FESPSP. Algumas trocas foram bastante
generosas”.
(Andréa
Andira)
A Biblioteconomia agrega
muito no exercício das funções que ela desempenha, sobretudo no que diz
respeito à essência da área, que a seu ver é o fazer técnico.
“Quer
dizer, quando é preciso repensar ou rever as formas de catalogação, o controle
de terminologias, a formatação de uma base de dados, ainda que sobre um acervo
museológico, muitas vezes é em sua base teórica que buscamos respostas”.
(Andréa
Andira)
Mesmo em meio a “crise” ela
acredita que a biblioteconomia tem um mercado promissor, para isso é necessário
que enquanto profissionais sempre nos atualizemos e estejamos atentos às novas
necessidades do mercado.
“Sinto
uma carência de reflexões, de produções acadêmicas que questionem e analisem o
seu caráter técnico e metodológico... é fundamental que a área se comunique com
outras disciplinas. A interdisciplinaridade veio pra ficar. É importante que os
profissionais atentem a isso, pra que não fiquem falando sozinhos. Buscar
formações complementares e com viés menos técnico e mais reflexivo e
humanístico pode ser saudável”.
(Andréa
Andira)
Quanto ao Órgão de Classe – CRB ela
menciona ter pouco a opinar, já que não é filiada ao conselho, por não atuar
como bibliotecária propriamente dita.
“Entretanto,
pelo que venho acompanhando, o órgão é bastante atuante e rigoroso em observar
e atender as demandas da área”.
(Andréa
Andira)
Atualmente Andréa menciona
que está muito feliz com o que faz.
“Trabalhar
com acervos de arte me ensina e me completa a cada dia. Há momentos que não
consigo definir que profissional eu sou. Hoje me autodenomino documentalista.
Mas também sou pesquisadora, um pouco professora, e até o final deste ano
também serei museóloga. Admiro quem consegue ser versátil. Também gostaria de
ser”.
(Andréa
Andira)
E como de costume em nossa
coluna, ela deixou um recado aos novos integrantes da área:
“Busquem
inovar, o tempo todo. A área precisa de inovação e de revisão, periodicamente.
Qualquer área precisa. Questionem os tais paradigmas, sempre”.
(Andréa
Andira)
Lembre-se: se
quiser participar da coluna ou conhecer algum profissional da área que atue com
algo diferente, escreva-nos: monitorcientificofabci@gmail.com
Comentários
Postar um comentário