No 6º semestre do curso de Biblio, na disciplina Tópicos avançados em Gestão da Informação e do Conhecimento, reservamos um espaço para conversar sobre o conceito de Nova Biblioteconomia cunhado pelo bibliotecário e professor David Lankes.
Assistimos e lemos vários conteúdos, dentre eles:
Vamos pensar juntos uma nova Biblioteconomia? - que contém o livro Expect More, traduzido em 2016 pelo Jorge do Prado da FEBAB, além do vídeo apresentado no CBBD de 2015, em São Paulo (vale a pena assistir, é impactante!)
Reinvenções, bibliotecas e empatia: uma entrevista do David Lankes para a Biblio - Ele fala um pouco da realidade das bibliotecas dos Estados Unidos frente ao contexto do corona vírus, além do papel social dos bibliotecários não somente durante, mas, principalmente, no pós-pandemia.
A tradução realizada pela Marina Chagas: MC Traduções: A nova biblioteconomia: como a transformação é necessária para sustentar nossas comunidades
A Live sobre "Nova Biblioteconomia: O que dizer dessas novas nomenclaturas para a Biblioteconomia?" com a doutoranda e pesquisadora mineira Emanuelle Ferreira, além do texto da pesquisadora: Uma nova Biblioteconomia para a sociedade contemporânea.
E o blog do Lankes, que tem conteúdos muito interessantes. Vale a pena seguir também o autor nas redes sociais.
Na aula dedicada ao autor, os estudantes fizeram um resumo crítico dos capítulos do livro Expect More, que contém frases e conceitos muito relevantes para esse repensar da área.
Coloco aqui alguns trechos das atividades, lembrando que todas foram baseadas na obra do autor: LANKES, R. D. Expect More: melhores bibliotecas para um mundo complexo. São Paulo: FEBAB, 2016.
Confira:
"O bibliotecário torna-se um facilitador, exercendo um papel fundamental tendo em conta que as bibliotecas possam cumprir sua missão de tornar a sociedade cada vez melhor através da geração de novos conhecimentos. Não podemos esquecer que facilitar é apenas uma pequena parte de toda missão de “melhorar a sociedade facilitando a criação de conhecimento em suas comunidades”. A palavra fundamental é “melhorar, o que significa que é algo ativo, que está sempre acontecendo”. É preciso proatividade, colaboração e inovação; o mundo não se muda sem ações." (Beatriz Matos)
"Em outras palavras, quando se pensa na importância da biblioteca não é sob a perspectiva tão somente do acervo, edificação e profissionais, mas do que ela significa, ou seja, do que ela representa enquanto sujeito da ação, enquanto um organismo vivo de transformação, conhecimento e educação. E não existe transformação, conhecimento e educação, sem vida, sem pessoas, sem o que Lankes chama de comunidade. Isso, pois necessitamos trocas, a comunidade precisa se sentir acolhida, pertencente àquele espaço e o espaço deve abarcar suas necessidades, anseios e desejos. Se a comunidade se desenvolve a biblioteca deve também não apenas se desenvolver internamente, mas incluir o desenvolvimento externo, sendo uma via de mão dupla (Lankes, 2016)." (Sofia Biella)
"O autor diz que é importante acreditar mais nas bibliotecas e que os bibliotecários precisam acreditar mais em si mesmos e podem fazer algo por todos os membros da comunidade, sendo necessário encarar esses membros como parceiros e nunca como usuários ou clientes. Ele explica que o termo “membro”, para ele, é o mais adequado a ser utilizado, porque: “[...] ele traz uma conotação de co-propriedade, um membro não utiliza somente o que a instituição oferece, ele participa, ele cria, ele tem sua opinião ouvida. Em essência, eles fazem parte da organização. Você precisa acreditar que faz parte da biblioteca, precisa estar envolvido nas discussões que tratam da melhoria da sociedade e como a biblioteca pode colaborar com isso.”" (Iara Braz)
"Uma reflexão fundamental é colocada na frase “O que a maioria das pessoas não percebem é que quando Tim Berners-Lee inventou a World Wide Web, ele estava tentando resolver um problema de bibliotecário: como encontrar artigos de Física citados em ambiente digital. Assim, numa última análise, os bibliotecários são construtores de ferramentas”, ou seja é possível observar que o mundo, principalmente o atual necessita do bibliotecário, mas não sabe como ver isso, o que também fica visível quando diz “Foi um bibliotecário formado que colaborou com que a escola se tornasse melhor.”" (Felipe Silva)
"Mesmo que o projeto pareça ser “mirabolante” se é pertinente desempenhá-lo para auxiliar o público da biblioteca, tudo é válido, desde torneios de jogos de videogame, jogos de tabuleiro e enigmas (que auxilia com o trabalho de socialização entre a comunidade, entre outras capacidades). Você deve acreditar que uma grande biblioteca procure maneiras inovadoras de engajar a aprendizagem. Uma grande biblioteca provoca conversações, reflexões." (Débora Vieira)
"Outro ponto a ser valorizado é entender a biblioteca como um espaço cívico, algo importante para um qualquer momento, porém, quando se trata de uma crise ela se torna fundamental. Em 2008 elas atuaram oferecendo apoio a comunidade na busca por empregos, cedendo acesso a internet e oficinas para desenvolvimento de currículos, isso deve ser um norteador para todos no momento atual, é impossível prever quais serão os reais danos a economia pós Covid-19, mas é fato que uma outra grande crise se aproxima. Deste modo, a ação de todos é necessária, e isso passa pelo profissional bibliotecário." (Douglas Gonçalves)
"Cabe aqui uma crítica à forma como Lankes desenvolve seu texto. Fala em "levar conhecimento às pessoas". Essa noção, muito adotada pelos iluministas, compreende um indivíduo ou ser superior detentor de conhecimento e outro a quem deve ser salvo por esta verdade. Se queremos nos compreender enquanto comunidade, devemos começar por abandonar essa perspectiva e compreender os distintos saberes existentes dentro de uma comunidade e como podem ser agregadas para a melhor convivência dentro dessa. Muito importante a perspectiva de que a biblioteca não deve promover apenas a história ou a paixão pelos livros, mas o empoderamento. Assim podemos ter uma biblioteca que esteja a serviço da comunidade e não se protegendo dela. Por vezes profissionais da informação guardam determinadas obras de forma que não são destruídas em uma semana ao serem consultadas duas vezes, mas em cem anos sem que ninguém saiba o que estava em suas páginas." (Vinicius Pacheco)
"Pensando na missão da biblioteca, disseminadores de informações, mas não exatamente em livros, esse conceito tem que ser bem claro, porque não é só de livros que podemos obter informações. Hoje existem diversas formas para adquirir informação que levam ao conhecimento mútuo a comunidade local, a questão da inovação, fazendo com que a biblioteca se mova de modo geral é necessário para que mostre o desenvolvimento. A missão da biblioteca é como um todo, tantos em livros como também em diversos projetos, tecnologias ágeis que transforma o meio." (Andriely Teixeira)
“Bibliotecários devem ter habilidades para a transformação e engajamento social.” Esse é um ponto que me chamou a atenção, e me fez associar um pouco sobre os influencers digitais, que tem como objetivo engajar suas postagens com muitos likes e comentários, ou seja, não basta ter milhões de seguidores se o que você tem a dizer nas suas postagens não causa uma comoção em seu público. Então, hoje, não adianta ter o conhecimento técnico, fazer todo o trabalho de processamento se você não conhece o seu público e não sabe do que ele gosta ou precisa. Os influencers ganharam notoriedade por falarem a linguagem de seu público, sair do tradicionalismo dos programas de TV e das propagandas e com isso atingir um público que é fiel a eles. Então penso que falta um pouco de pensamento influencer no profissional bibliotecário, sabemos da importância que temos e do quanto somos capazes de evoluir, só falta mostrar mais isso." (Cristina Martinez)
Gostou? Não deixe de ler e refletir sobre a obra e... espere mais das bibliotecas e dos bibliotecários e bibliotecárias.
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