O futuro da cidades, as tecnologias como molas propulsoras de
mudanças na sociedade, a situação da classe média hoje, Biblioteca Viva e
muitos outros assuntos foram debatidos no Seminário de 80 anos da FESPSP. Um
ponto em comum entre muitas delas foi a recuperação das manifestações de junho,
com múltiplas leituras.
Veja alguns destaques:
O futuro das
cidades: participação popular deve ser ampliada
Por uma nova visão de desenvolvimento urbano e mais participação popular
15/10/2013, da Agência FESPSP
João Antonio da Silva Filho, Secretário
Especial de Relações Governamentais de São Paulo,
palestrante da conferência O
Futuro das Cidades, que aconteceu na noite do dia 14/10, defende uma nova visão
de ocupação urbana e mais participação popular nas decisões.
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Secretário Antonio da Silva Filho |
Segundo o Secretário, temos uma cidade
consolidada sem planejamento, sem qualidade de vida e que não atende às
expectativas dos cidadãos. Para ele, é preciso uma nova visão de ocupação
urbana que traga uma nova perspectiva de desenvolvimento urbano e para isso é
preciso o envolvimento dos cidadãos nas decisões do governo. “É preciso pensar
na cidade para além do mandato de quatro anos”.
Seu companheiro de mesa, William Nozaki,
ressaltou a importância da participação popular:
Mais políticas Públicas, participação e inclusão no espaço urbano do futuro
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William Nozaki |
William Nozaki, Coordenador de Promoção do
Direito à Cidade da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de SP,
palestrante da conferência O Futuro das Cidades, realizado na noite do dia
14/10, apresenta seu ponto de vista sobre tema.
Segundo Nozaki, as manifestações de rua deste
ano deram um recado importante sobre qual deve ser o projeto para as cidades, e
esse projeto de baseia em um tripé: aprofundar as políticas sociais e os
serviços públicos, incentivar novos mecanismos de participação e construir uma
pauta para atender as demandas de direitos de igualdade e diversidade.
O Secretário João Antonio da Silva Filho deu
uma entrevista
exclusiva para a Agência FESPSP.
William Nozaki também em entrevista
exclusiva para a Agência FESPSP.
Classes sociais no
Brasil contemporâneo
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Elísio Estanque em palestra na FESPSP |
A democracia
representativa está doente e precisa se reinventar. Esta e uma série de outras
reflexões marcaram o debate sobre classes sociais no Brasil contemporâneo, com o
professor Elísio Estanque, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. O evento, realizado na noite de
terça-feira, faz parte da programação do seminário “Brasil: os desafios do
futuro”.
Estanque se referiu às manifestações que ocorreram em junho no Brasil e que, segundo ele, deixaram os europeus admirados. “A Europa ficou espantada que em um período de crescimento da economia e redução do desemprego o brasileiro se manifestasse de forma tão veemente. E eu pensei: era isso que precisávamos em Portugal, porque os governantes não estão ouvindo os gritos da classe trabalhadora, e nem respondem às suas necessidades”, afirmou.
Comparando as realidades sociais e econômicas do Brasil e de Portugal, o docente traçou o panorama que levou à crise europeia, trazendo dados sobre o desemprego na região. O professor deixou ainda um alerta aos brasileiros, lembrando que as informações se referiam a países onde até então se acreditava que as conquistas sociais e econômicas eram irreversíveis. “Os portugueses foram obrigados a cair na realidade de miséria que quiseram ignorar e passaram a se ver como parte da classe trabalhadora”, observou, criticando a ilusão da existência de uma classe média portuguesa, baseada somente no consumo. Para saber mais sobre as pesquisas do professor português, acesse www.elisioestanque.blogspot.com.
Estanque se referiu às manifestações que ocorreram em junho no Brasil e que, segundo ele, deixaram os europeus admirados. “A Europa ficou espantada que em um período de crescimento da economia e redução do desemprego o brasileiro se manifestasse de forma tão veemente. E eu pensei: era isso que precisávamos em Portugal, porque os governantes não estão ouvindo os gritos da classe trabalhadora, e nem respondem às suas necessidades”, afirmou.
Comparando as realidades sociais e econômicas do Brasil e de Portugal, o docente traçou o panorama que levou à crise europeia, trazendo dados sobre o desemprego na região. O professor deixou ainda um alerta aos brasileiros, lembrando que as informações se referiam a países onde até então se acreditava que as conquistas sociais e econômicas eram irreversíveis. “Os portugueses foram obrigados a cair na realidade de miséria que quiseram ignorar e passaram a se ver como parte da classe trabalhadora”, observou, criticando a ilusão da existência de uma classe média portuguesa, baseada somente no consumo. Para saber mais sobre as pesquisas do professor português, acesse www.elisioestanque.blogspot.com.
Tecnologias que
movimentam a sociedade
As tecnologias da informação podem ser ferramentas de transformação
social, mas é preciso analisá-las com senso crítico. Ao mesmo tempo que
representam novas possibilidades de produção de conteúdo, também abrem precedente
para novas formas de
controle. No debate realizado na manhã de hoje na FESPSP, esse foi um dos temas
centrais. O professor Paulo Vasconcelos, do curso de Biblioteconomia e Ciência
da Informação da Fundação, apontou que o ciberespaço ainda não é democrático e
questionou: como falar em democracia na web, se ainda se depende de
equipamentos, provedores, empresas? “A tecnologia da informação ainda serve ao
capitalismo”, afirmou. Ele pondera, porém, que a internet pode, sim, ser usada
como uma ferramenta para ajustar a democracia representativa.
Henrique Parra, docente das Ciências Sociais da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) , pôs em xeque as condições de liberdade na rede, quando há um cenário em que o controle está na mão das empresas. Ele defende uma regulação pública que permita que a internet seja comum, funcionando de modo menos corporativista. “A regulação é paradoxal, pois impõe direitos e deveres e, consequentemente, limita e cria zona de exclusão. A dificuldade da aprovação do Marco Civil da Internet tem a ver com disputas políticas e econômicas. Mas suspeito que, sem o Marco, vá ser muito pior”, argumentou, ressaltando a necessidade de limitar a ação das corporações.
Em um momento em que o uso das redes sociais nas manifestações populares está em evidência, buscam-se respostas sobre o papel da internet nessas articulações. Os professores, porém, avisam: ainda não é possível formular um diagnóstico certeiro. “Há muito mais dúvidas do que certezas. Talvez o ponto comum seja a insatisfação da representação burocratizada, mas temos que avaliar quais são as novas formas possíveis de política”, apontou Parra.
Henrique Parra, docente das Ciências Sociais da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) , pôs em xeque as condições de liberdade na rede, quando há um cenário em que o controle está na mão das empresas. Ele defende uma regulação pública que permita que a internet seja comum, funcionando de modo menos corporativista. “A regulação é paradoxal, pois impõe direitos e deveres e, consequentemente, limita e cria zona de exclusão. A dificuldade da aprovação do Marco Civil da Internet tem a ver com disputas políticas e econômicas. Mas suspeito que, sem o Marco, vá ser muito pior”, argumentou, ressaltando a necessidade de limitar a ação das corporações.
Em um momento em que o uso das redes sociais nas manifestações populares está em evidência, buscam-se respostas sobre o papel da internet nessas articulações. Os professores, porém, avisam: ainda não é possível formular um diagnóstico certeiro. “Há muito mais dúvidas do que certezas. Talvez o ponto comum seja a insatisfação da representação burocratizada, mas temos que avaliar quais são as novas formas possíveis de política”, apontou Parra.
Acesse o blog
de Henrique Parra para ver sua apresentação completa no Seminário
FESPSP 80 anos.
Veja fotos desta mesa redonda no Facebook
da FESPSP.
No encerramento
das conferências, o sociólogo franco-brasileiro Michael Löwy debateu com um
auditório lotado seu livro “Walter Benjamin, intérprete do capitalismo como
religião”.
Na próxima edição: Miss(ter)Traça, a mesa sobre políticas públicas culturais, com Frank Ferreira e a professora Tânia Callegaro, homenagens aos professores, festa de encerramento, mini-cursos e outros destaques.
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