Um punhado de ideias. Um grupo de pessoas. Muita paixão, entusiasmo
e determinação. Uma desconferência. O que dá essa mistura? #Bibliocamp, claro!!
Em sua terceira edição, ocorrida no útlimo sábado, São Paulo foi o palco de uma
deliciosa interação entre bibliotecários de várias partes do país para uma
conversa despojada ao pé dos versos de Álvares de Azevedo, na biblioteca temática de poesia Alceu Amoroso Lima.
O bibliotecário Eduardo Graziosi Silva,
do blog Mundo Bibliotecário,
sintetizou em palavras certeiras a apresentação de cada palestrante neste ótimo
post, e que fica como um fiel registro de um encontro despojado em que
renovamos nosso caso de amor pela nossa profissão:
Pense diferente, pense Bibliocamp!
Eduardo Graziosi Silva
Mundo Bibliotecário
Profissional. É o que se pode dizer do Bibliocamp. Desconferência de altíssimo nível, o Bibliocamp mostrou possibilidades de reflexão nos campos mais diversos, das mídias digitais às publicações científicas, da arte à história e memória.
A 3ª edição
do evento ocorreu na Biblioteca Alceu Amoroso Lima, em São Paulo, no dia
5/10/13. Teve
início pela manhã, as 9h, com a realização de uma visita
monitorada pela bibliotecária (diretora) Maria Angélica, e foi seguida de um
coffee break pelo Senac-SP. O site da Prefeitura de São Paulo disponibiliza informações sobre o histórico, o prédio da biblioteca e seu patrono.
![]() |
Maria Angélica |
As
apresentações da manhã foram iniciadas por Soraia Magalhães, responsável pelo
Movimento Abre Biblioteca e editora do blog Caçadores de Bibliotecas. Provocada pelo fechamento da Biblioteca Pública
Estadual do Amazonas em 2007, que durou 5 anos, Soraia mobilizou muitas pessoas
em torno da reabertura por meio de várias ações: petição pública, mobilização
nas redes sociais, Abraço à Biblioteca, Biblioteca na
Rua, Mural Abre
Biblioteca e O Grito. Após 8 meses de luta, a biblioteca foi reaberta em
janeiro de 2013 e, devido à repercussão, Soraia foi uma das
selecionadas no Movers & Shakers de 2013. A lição que ela nos deixa é de que os bibliotecários devem lutar não
apenas pelos seus postos de trabalho, mas em torno de uma causa que vise o bem
comum e cause impactos positivos na sociedade.
![]() |
Soraia Magalhães |
Em seguida, o
bibliotecário do Senac-SC Jorge do Prado fez uma apresentação sobre Transmedia
Storytelling em bibliotecas. Sua apresentação foi bastante marcada
por elementos visuais, pois como se trata de assunto novo na área, Jorge buscou
ideias em eventos de jornalismo, marketing e publicidade. Abordou o conceito de
marketing 3.0, que é focado no sentimento/emocional das pessoas. No contexto
das biblioteca, Jorge apresentou o vídeo da Seattle Public Library, que entrou para o Guinness Book como o maior dominó
de livros do mundo. Tudo isso para lançar o catálogo do programa de leitura de
verão da biblioteca! Um exemplo muito inspirador de como essas instituições
podem usar diversas mídias para divulgar seus produtos e serviços para os
usuários, também denominados por Jorge como interagentes.
![]() |
Jorge do Prado |
![]() |
Magali Machado |
Gabriela
Previdello Orth, mestre em Ciência da Informação pelo PPGCI-ECA/USP e
professora na
Pós-Graduação da FESPSP em preservação e segurança da informação
digital, abordou um tema que num primeiro momento aparenta ser perturbador. Com
a apresentação “Propostas não formais de documentação da arte contemporânea”,
um dos capítulos de sua dissertação defendida recentemente na ECA-USP, ela
expôs que a inserção da arte contemporânea ainda é difícil na maioria dos
museus, como trabalhos com luz, vestidos de carne, dentre outros. Ilustrando
sua fala com exemplos, Gabriela também comentou que os museus não se propunham
a documentar tais trabalhos, sendo que apenas recentemente estão dando atenção
a eles. No contexto artístico, ela defende que as regras devem compreender o
que foge delas, para que os trabalhos possam ser adequadamente documentados,
tais como o site 88 Constellations, em que o usuário se apropria do conteúdo. Dentre os referenciais
teóricos apresentados, destaco o trabalho de Jon Ippolito, que abordou a preservação digital por meio de teorias genéticas no
campo da biologia evolutiva. Gabriela ressaltou que se trata de um trabalho
teórico, mas que no contexto bibliotecário, existe um trabalho sendo feito pela Library of Congress de Encoding Cultura Data. O importante, então, é
pensar no arquivo como um todo, e não somente os itens que o compõe.
![]() |
Gabriela Previdello |
André Serradas,
bibliotecário do SIBi-USP, abordou a questão do embedded librarian, isto é, do
bibliotecário engajado.
Para tanto, abordou sua experiência na indexação de imagens na Biblioteca Virtual da
FAPESP, na Biblioteca Virtual de Psicologia e, atualmente, no Portal de Revistas da USP. De um modo geral, André frisou que a participação do
bibliotecário na tomada de decisões das instituições é essencial para que as
necessidades dos usuários sejam atendidas. Alguns dos desafios apresentados
são, de um modo geral, trabalhar com pessoas de instituições diferentes,
compreender a missão e aspiração de cada um e entender as instâncias políticas
e participar como bibliotecário. Além disso, destacou a interação com outros
setores dentro da própria instituição, como tecnologia da informação e jurídico
e, no contexto de seu trabalho atual, expõe que deve haver maior aproximação da
Administração da Universidade para observar o acesso aberto nos contratos das
publicações.
![]() |
André Serradas |
![]() |
Patricia Pimenta |
Na sequência, Fabiana Pereira, da
Biblioteca Virtual da FAPESP, abordou o tema “Big data é um novo
campo de
atuação para o bibliotecário?”. Definido como um conjunto de soluções para recolher,
organizar e analisar (em tempo real) os dados estruturados e não estruturados,
como blogs, geolocalizações, vídeos e fotos, o Big Data possui três atributos
principais: velocidades, variedade e volume. Segundo Fabiana, o problema não
reside no software e tecnologia da informação, mas na análise dos dados, pois o
desafio atual é como usá-lo nas bibliotecas e se o bibliotecário tem
competência para isso. A palestrante acredita que sim, pois por meio de
levantamento de textos sobre o assunto, vislumbra muitas possibilidades de
atuação, como na curadoria digital de conteúdos, literacia de informação e
disponibilização de coleções para os usuários. Para Fabiana,”Quem gerencia
informação, gerencia dados.” e, por isso, o Big Data deve receber especial
atenção do bibliotecário.
![]() |
Fabi Pereira |
Edison Arthur |
Em seguida, Gisele Adornato,
bibliotecária da FEA-USP, apresentou também o trabalho de sua
dissertação sobre
as redes sociais nas bibliotecas universitárias da USP, UNESP e UNICAMP,
abordando como as redes afetam a qualidade dos serviços e produtos dessas
bibliotecas. Após levantar características positivas e negativas da geração Y,
Gisele identificou que houve uma mudança de comportamento de dessa geração que
deve ser observada pela biblioteca para que esta não se torne um depósito.
Também constatou algumas das razões pelas quais as redes são utilizadas pelas
bibliotecas, tais como divulgar informações, como um novo meio de comunicação e
para criar um contato mais informal com o usuário. Gisele também relatou que
existem bibliotecas que utilizam as redes, mas que possuem equipamentos com
acesso limitado às mesmas, e que nem sempre existem colaboração, planejamento,
atualização e comprometimento no uso das redes. Diante disso, a palestrante
ressaltou que as bibliotecas ainda não conseguem explorar as redes sociais
profundamente, mas apenas divulgar informações, o que leva a rever o uso das
mesmas e pensar na criação uma política de uso para esse canal de comunicação.
![]() |
Giseli Adornato |
![]() |
Katty Anne Nunes |
A
bibliotecária Rosane Estevão se apresentou após Katty, falando de sua
experiência na área da saúde.
Formada em 1984 pela UFSC, trabalhou em
bibliotecas escolares e universitárias do Sul, em cidades como Tubarão e
Joinville, sendo que em determinado momento foi convidada a organizar o arquivo
de imagens de um jornal, incentivando-a a cursar uma especialização em administração
de arquivos. Em 1996, foi trabalhar em um hospital e em 2000, em uma
multinacional da área da saúde em São Paulo. Em 2003, cursou a pós-graduação em
Ciências da Saúde na UNIFESP e também foi aluna de um curso de pesquisa
clínica. Desde 2010, atua como coordenadora de pesquisa clínica da Clion, em Salvador. Deixa-nos a mensagem de que o bibliotecário deve procurar
se inserir em áreas não convencionais, como a saúde, pois somente assim podemos
mostrar nosso valor aos outros profissionais, que muitas vezem sequer imaginam
a importância do bibliotecário em suas organizações.
![]() |
Rosane Estevão |
![]() |
Juliana Almeida |
Após o Bibliocamp, os participantes
foram até um barzinho próximo para o Bibliochopp, do qual não
participei. Mas
só o fato de ter ido ao Bibliocamp valeu a pena! É um evento não convencional,
mas fundamental para se respirar novos ares na Biblioteconomia e captar novas
ideias e, principalmente, pessoas, pois sem elas o evento não teria acontecido!
O formato diferenciado permite ter contato com quase todos os participantes,
estreitando relações e criando novas. Por isso, fica aqui meu muito obrigado
aos organizadores e participantes por essa oportunidade! E quem venham os
próximos!
Veja mais fotos do evento aqui.
![]() | |||||||||||||
Amanda e Anna da equipe da organização |
![]() |
Paloma Altan, ao centro à esquerda, coordenou o Bibliocamp 2013 |
Veja mais fotos do evento aqui.
Comentários
Postar um comentário