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Millian Piche |
MC: Qual é o tema do seu
TCC?
MILLIAN: Linguagens documentárias: por que padronizar?
MC: E por que padronizar?
MILLIAN: Eu percebi que muitas pessoas acabam fazendo adaptações na
hora de fazer a classificação de um documento. Quando a pessoa faz isso a gente
às vezes perder documentos. Em muitas bibliotecas em que eu fui fazer pesquisa
eu tive que garimpar o livro por que não estava indexado corretamente. Então,
eu percebi que tem pessoas que indexam erroneamente ou por uma questão pessoal,
ou por discriminação contra um livro, por exemplo, um livro que fala de
homossexualismo, a pessoa propositadamente indexa errado.
MC: Mas, estamos falando
de biblioteca pública, especializada, qual tipo?
MILlIAN Encontrei problemas de indexação em bibliotecas
universitárias, e em bibliotecas de empresas.
MC: Você trabalha com as
duas?
MILLIAN Eu fiz estágio na biblioteca do Metrô, e lá eu percebi uma
certa tendência na indexação, e até na sua exaustividade. Isso tem a ver tanto
com a linguagem que é escolhida quanto com o comportamento do profissional. Eu
vou procurar abordar a linguagem em sim, mas eu vou pegar um pouco desse viés,
que quero falar sobre isso, essa questão do pessoal. Nós sabemos que a neutralidade
é muito difícil, mas ela tem que ser buscada, não se pode apenas aceitar e você
indexa como você quer. Eu realmente tive dificuldade para encontrar as obras, e
elas estavam lá. Então, você tem que ficar imaginando uma estratégia de busca,
imaginar que palavras o profissional usou para indexar, e ele usou palavras
muito pobres.
MC: Essas instituições não
têm um vocabulário controlado ou um tesauro?
MILLIAN: Muitas vezes eu vejo que não há isso, seja por falta de
recursos humanos ou por falta de recursos financeiros.
MC: Ou por falta de
conhecimento?
MILLIAN: Não sei se é falta de conhecimento por que o profissional
já recebeu esse conhecimento na sua formação. Então, houve uma decisão pessoal.
Eu acredito que até há uma decisão política da instituição quando não adota uma
lista de cabeçalhos de assunto ou tesauros que já existem. Quanto eles não
adotam, houve uma decisão pessoal. Em entrevistas, eles não admitem isso, mas
eu tenho essa suspeita.
MC: Você vai tocar em um
vespeiro então?
MILLIAN: Não, não vou chegar a mexer no vespeiro, mas vou citar que
ele existe.
MC: O que você leu para
sua pesquisa?
MILLIAN: Algumas coisas da Tálamo,
são
muito interessantes. A maioria dos trabalhos são antigos, como do Langridge (Derek Langridge
“Classificação: abordagens para estudantes de biblioteconomia) ,que é de 1977, mas ele
fala muita coisa interessante, é muito bom. Encontrei na ECA alguns trabalhos
atuais, são duas teses de mestrado, muito interessantes, que abordam
um pouco dessa questão da linguagem documentária, adaptações, problemas que
estão sendo encontrados...Tem um trabalho da Maria Eugênia que eu encontrei em um livro
sobre organização do conhecimento, em que ela fala que a CDD não tem uma
palavra específica para micro e pequena empresa, mesmo agora na 23ª edição. E
eu pesquisei e não tem uma palavra para micro e pequena empresa.
MC: Quem é seu orientador?
MILIAN: A professora Andreia Gonçalves.
MC: E você pretende levar
o seu trabalho para algum congresso, seminário, participar de algum prêmio,
etc?
MILLIAN: Eu nunca imaginei isso, não sei se eu poderia fazer isso no
futuro. Eu estou muito preocupado agora com a qualidade, com a clareza, com a
coerência do trabalho.
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