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Carnaval, Arte e Cultura: papo aberto com Chico Spinoza



André Felipe Meira, aluno do segundo semestre noturno, revela o que pensa um dos mais importantes nomes do carnaval brasileiro: Chico Spinoza. 












































Em uma grande entrevista com Chico Spinoza, o carnavalesco responde a várias perguntas sobre a criação, produção e apresentação de enredos e desfiles e trata também de assuntos polêmicos e importantes para o samba paulistano, com muitas risadas e bom humor. Confira a entrevista na íntegra: Carnaval, Arte e Cultura Popular: papo aberto com Chico Spinoza.


MC: Quando os carnavalescos vão produzir um enredo, há uma pesquisa muito grande para se obter todas as informações sobre o assunto e apresentá-lo da melhor forma. Há uma preocupação com que esse enredo seja entendido por todo o público?

CHICO: Existe uma preocupação do carnavalesco com ele mesmo, pois ele tem que ter uma noção ou compreender melhor sobre o assunto com o qual está se propondo a trabalhar. Carnavalesco nenhum nasce pronto, ele tem o dom de carnavalizar as coisas, mas tem que pesquisar para saber a dimensão do assunto com qual está se propondo o trabalho.

MC: Antes e depois que se apresenta um enredo na avenida, permanece alguma coisa sobre o enredo que foi apresentado. Digo isso falando sobre a  discussão que houve em relação à educação no enredo “Acorda Brasil” produzido por você na Vai – Vai.

CHICO: Além do título, nesse caso falando especialmente do Acorda Brasil da Vai Vai, permanecem todas as parcerias feitas com a comunidade de Heliópolis e seu projeto de música, que depois foi integrado á comunidade, com aulas de músicas ministradas pelo Instituto Bacarelli. Isto, na verdade, fortalece mais essa comunidade e à mim, já que fomos três vezes campeões juntos. Se cria um rótulo. No caso da Vila Maria, por exemplo, tivemos a oportunidade de aprofundar o conhecimento sobre os costumes brasileiros e os coreanos neste ultimo enredo (Made in Korea).

MC: Como você avalia a posição da Vila Maria no Carnaval 2013 e a avaliação dos Jurados?

CHICO: Acho que estamos sendo expostos a jurados que não têm competência para avaliar um espetáculo do tamanho do carnaval de São Paulo, e isto fica público no país! A Cultura está em decadência em nosso país e não tem luz no fim do túnel indicando saída. Quando você tem um desfile onde um chapéu cai e o jurado tira 1,0 ponto ele não entende o que é carnaval. É uma festa popular, o componente tem que extravasar, tem que brincar na avenida, não ser um robô que não pode se mexer... é loucura pensar em uma coisa assim, mas é o que esta acontecendo. É fundamental brincar na avenida.

O que precisamos entender é que existem escolas de expressão como uma Nenê de Vila Matilde, como a Vai - Vai e tantas outras de expressão nacional e são expostas a esse júri. São escolas tradicionais, que sabem fazer carnaval. A Nenê tem um som de bateria praticamente único em São Paulo, características de colocação e afinação de instrumentos importantíssimas para São Paulo.

MC: Houve manipulação nas notas ou no resultado do Carnaval em São Paulo 2013?

CHICO: Acredito que o corpo de jurados não entendeu os critérios de avaliação e que o comportamento da LIGA (Liga das Escolas de Samba de São Paulo) deveria ser de orientação para estes critérios. Mas que há uma disputa bem clara, há! Por que as duas escolas que caíram para o grupo de acesso, Vila Maria e Mancha Verde,e seus respectivos presidentes, estão disputando a presidência da LIGA. Alguma coisa tem, entende?

MC: Como se deu a sua formação como carnavalesco?

CHICO: Não vim, fui trazido! (risos). Sou de Tabapuã, fui fazer medicina, desisti, fui fazer figurinos na TV Tupi e nunca mais voltei à universidade. O mundo do samba é muito pequeno. Todos os anos que fiz a Estácio de Sá, o Paulinho (Paulo Barros) desfilou em carros para mim. Somos grandes amigos. Rosa Magalhães também é muito amiga, somos da mesma escola...

MC: Quais carnavais que você acha inesquecíveis?

CHICO: Acho que Tambor do Renato Lage, no Salgueiro... O comportamento do Salgueiro foi incrível, era uma energia fora do comum... Catarina de Medis da Rosa (Rosa Magalhães), também foi de arrepiar, a avenida ficou parada, extasiada com esses espetáculos!

 
Quem é Chico Spinoza?


Há muitos anos, Chico Spinoza tem participado ativamente dos desfiles das escolas de samba dos carnavais do Rio e de São Paulo. Ao lado de Mário Monteiro, cenógrafo da Globo, formou a dupla de carnavalescos que assinou o desfile campeão da Estácio de Sá de 1992, cujo enredo falava sobre os 70 anos do Modernismo. Entre 1994 e 1996, assinou o desfile da União da Ilha. Em 2000 e 2001, defendeu as cores da Unidos da Tijuca. Foi carnavalesco da Unidos do Viradouro em 2002, da Mocidade Independente de Padre Miguel nos anos de 2003 e 2004, e da Caprichosos de Pilares em 2005 e 2006. Em fevereiro de 2007, passou a integrar o time de comentaristas da TV Globo na transmissão dos desfiles do Grupo Especial, no Rio de Janeiro, e fez sua estreia no carnaval paulista, como carnavalesco da escola de samba Vai-Vai, onde foi campeão três vezes. Em 2012 e 2013, comandou o carnaval da escola de samba Unidos de Vila Maria, e retorna á escola do Bixiga, para o carnaval 2014 com o enredo “Nas chamas da Vai-Vai, 50 anos de Paulínia".







André Felipe Meira é aluno do segundo semestre noturno

 












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