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Novos professores no curso de Biblioteconomia



Poesia com medianas e muitos insigths. Os novos professores da FESPSP em Tecnologia da Informação, Estatística e Inglês trazem trajetórias ricas e diversas em suas habilidades que certamente serão muito positivas para a comunidade discente, que lhes dá calorosas boas-vindas. Conheça um pouco sobre cada um deles:





Sara M. M. Ezedin Pinho – Inglês
Professora Sara

Natural do Rio Grande (RS), a professora Sara chegou à São Paulo por uma determinação pessoal: fazer o doutorado na USP. Depois de se formar no curso de Letras Inglês-Português na Universidade Federal do Rio Grande, fez o mestrado em História da Literatura e uma mudança para São Paulo por motivos familiares foi o sinal de que o caminho para o tão sonhado doutorado estava se delineando. Na capital, foi em busca de seu objetivo: assistiu às aulas de uma disciplina especial na FFLCH-USP, conheceu uma série de professores, definiu uma área, conseguiu atrair a atenção de uma professora para seu projeto e agora, finalmente, se prepara para fazer a prova de doutorado. Participando de um grupo de estudos de autoria feminina na USP soube da oportunidade para lecionar na FESPSP através de  um colega, o professor Rogério.

Seu envolvimento com a literatura lhe ofereceu um novo olhar para a Biblioteconomia. Morando em Atibaia e voluntária em um orfanato, percebeu com o seu trabalho que as crianças não lêem e, por esse motivo, há aquele encantamento pelo livro, quase uma veneração: as crianças pedem permissão para ler aquele objeto, desejosas de que aquele livro seja adequado a sua idade e possa lhes proporcionar uma vivência, mesmo que imaginária, daquilo que não têm: uma casa para retornar, o fim da espera, um resgate de humanidade. “Aí a gente tem que classificar (os livros) e mostrar para eles que há uma progressão e que somos humanos e através do livros progredimos dentro dessa humanidade. É um trabalho lindo. O trabalho da Biblioteconomia é um trabalho muito humano, uma biblioteca é necessária em todos os locais”, diz, ciente da função social da Biblioteconomia.

Sobre a prova de proficiência para a dispensa da disciplina de inglês, a professora Sara formulou um novo exame, com temática de Biblioteconomia e Ciência da Informação, com dois textos, questões de interpretação e tradução e gramática básica do ensino  médio (Present Simple, Simple Past, Present Continuous, Present Perfect, etc). “O importante que a prova quer avaliar é se a pessoa consegue ler”, afirma a professora. E este também será o foco do seu curso para os alunos do segundo semestre. “Eu espero que os todos gostem de trabalhar bastante por que vamos ter muitos textos, com aulas bem dinâmicas, revisões antes das provas, sempre com feedback para os alunos. As aulas vão ser em português, com exceção de alguns termos que acho importante eles saberem pronunciar, como librarian.”

Recomendações de livros? Sim, a professora Sara tem uma na ponta da língua: “Sempre recomendo para a leitura “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, por que não? Há uma lógica inteira de que nós somos brasileiros alí. É um livro divertido, é um livro triste, que tem um pouco de tudo e tem um pouco da gente. E se alguém quiser algo na área de literatura portuguesa, na qual estou me especializando agora, eu indicaria um livro chamado “O silêncio”, de Teolinda Gersão” que discute a ausência de diálogos: como nos construir numa época sem diálogo direto, sem o corpo-a-corpo. É a grande história desse romance, é lindo. Quem gosta de Clarice Lispector vai se apaixonar por esse livro. Ah, e tem que ler “As Meninas” (Lygia Fagundes Telles) também, para o Trabalho Temático”, lembra a professora Sara, demonstrando que já está muito atenta às necessidades de seus alunos.


Leia o curriculum lattes da Professora Sara aqui




Professor Gildo – Estatística

Professor Gildo
Nascido em Santa Catarina, criado no Paraná e cidadão do mundo. Este é o economista Hermenegildo Grein, ou simplesmente Gildo, que assumiu a disciplina de estatística.

Depois de fazer sua especialização em administração pela FECAP nos anos 1990, está retornando a São Paulo após 16 anos fora da capital. “Durante quase 20 anos da minha vida eu trabalhei diretamente envolvido com a indústria de petróleo.” Com o término do contrato com a Petrobrás em setembro do ano passado, em janeiro já estava de volta à cidade com a família: a esposa, com quem é casado há 20 anos, e o casal de filhos. Seu filho de 18 anos faz engenharia na área de Tecnologia da Informação na Universidade São Judas e sua filha de 17 anos faz curso técnico de design, preparando-se para uma carreira nesta área.

Atuando com investimento imobiliário, o professor Gildo quer aplicar em suas aulas uma bem dosada combinação de sua vivência profissional e acadêmica.

 Fã de Delfim Neto e Maria da Conceição Tavares, gosta muito de ler sobre análises de cenários econômicos e tem se dedicado a entender o que há por trás da chamada “Nova Ordem Mundial”. Aliás, o professor Gildo também aposta na exploração de possibilidades de cenários para desenvolver suas aulas com os alunos do quarto semestre. “Achei dentro da minha área, que é Economia, a visão de cenário. Vou  trazer a estatística direcionada a cenário”, adianta.

O professor está se aclimatando com as particularidades do curso de Biblioteconomia e prepara suas estratégias para conquistar os alunos: “Creio que consegui identificar um perfil, mas não 100%, pois isso não existe em estatística”, diz, com graça. “Vou partir de um embasamento técnico-teórico e colocar em uma lingugem mais acessível para o pessoal de Biblioteconomia.” Experiência é que não lhe falta: seu curriculum acadêmico abarca 8 anos de sala de aula para os cursos de Fisioterapia (Empreendedorismo), Direito (Microeconomia), áreas tradicionalmente pouco afeitas a números e abstrações matemáticas, além de Estatística para os cursos de Economia, Adminstração e Ciências Contábeis. A novidade em sua carreira acadêmica não o intimida, pelo contrário. Quando a professora Valéria Valls convidou-o para integrar o time de professores da FESPSP, o professor Gildo sentiu-se feliz, mas entendeu também que seria um desafio, pois ainda não tinha lecionado para este público.
Portanto, adaptou sua proposta para os novos alunos: “Montei uma estratégia para trazer a estatística mais próxima do bibliotecário. Como professor, procuro entender o discurso do aluno.”

Se a famosa frase atribuída ao economista e professor da USP José Juliano de Carvalho Filho prega que “a Estatística é a arte de torturar os números até que eles se confessem”, é bom ter em mente que os números não mentem e estão a serviço de quem deles se apropria. “Existe uma forma diferente de você analisar o conteúdo estatístico. Um adminstrador, quando estuda estatística, usa uma estratégia para decidir em cima disso. Cabe à gente descobrir qual é a estratégia que o bibliotecário usa”, explica o professor Gildo. E como fazer isso de uma maneira interessante? “Pelo que eu li da ementa da disiciplina, acho que se a gente der uma pitada de empreendedorismo, uma pitada de possibilidades de decisão, uma pitada de descoberta de formas e  possibilidades de um cenário acho que se torna um pouco mais motivante. Aí no meio a gente explica o que é moda, o que é mediana, e outros termos técnicos”, conclui o professor Gildo.

Leia o curriculum lattes do Professor Gildo aqui e uma apresentação de seu autoria  muito interessante sobre o cenário de petróleo e gás em Linhares (ES).

Professor Paulo Vasconcelos – Tecnologia da Informação


Professor Paulo Vasconcelos
Contista e poeta. Acabou de lançar seu terceiro livro de poesias e está esperando maturar um livro de contos. Já fez matérias sobre o poeta Manoel de Barros, uma de suas paixões, em um espaço de quatro páginas que tem na Revista Brasileiros em que escreve sobre brasileiros e literatura, além de uma coluna onde explora o nosso falar popular e o erudito. Já escreveu sobre Luis Ruffato, escritor mineiro, “um dos maiores escritores da atualidade”, como diz, e deve sair na revista a próxima matéria sobre um dos maiores poetas baianos e brasileiro, Ruy Espinheira Filho, que se diz herdeiro de Mário de Andrade. “Passei uma semana entrevistando ele, indo para a praia, tomando cervejinha, indo passear, me mostrando a cidade, como é, como que não é. Quer dizer, a poesia do concreto”, conta.
Paulo também é professor de Teoria Literária e escreve sobre o tema. “Conheceu o professor Ivan?” “Apaixonante”, responde.
Há cinco anos professor da pós na FESPSP, está estreando na graduação.
“Quando eu vim do nordeste, o primeiro mestrado que eu tentei foi aqui, que era um mestrado famoso. Depois eu fui tentar na USP. Passei, mas depois deixei. E fiz mestrado em Artes, na USP, lá na ECA e doutrorado em Ciências da Comunicação.
No momento eu dou aula na Anhembi-Morumbi e dou aula aqui na FESPSP.”

Consumidor de tecnologia em rede, observa as intrincadas relações que se estabelecem a partir dela e produz mesclando a partir de toda sua densa bagagem intelectual. “Escrevo sobre a parte mais acadêmica e teórica, sobre tecnologia de um modo geral.” Seu artigo “Google : a colonização mercantil da comunicação educativa por meio dos motores de busca na Web” aponta a colonização do Google sobre o nosso conhecimento: como a internet e os seus buscadores, sobretudo o Google, manipulam o nosso conhecimento.

“A minha pesquisa se dá nessas tecnologias da comunicação no sentido político da coisa. Há uma política por trás disso. Agora está revelado. Antes, quando eu falava, o pessoal dizia que eu era louco. Mas, nós vivemos em uma sociedade de controle e, como diz o Deleuze, essa sociedade é controlada agora pelo capital privado. Facebook e cartões de crédito controlam a nossa vida. E a Biblioteconomia tem sido uma coisa que tem me despontado com muita força. O bibliotecário trabalha com informação e esse aspecto ainda não aparece na mídia, em um trabalho de exposição. O Google não sobrevive sem um bibliotecário. O Yahoo não sobrevive. O Facebook não sobrevive”, afirma, categórico.

Entende que o bibliotecário é um gestor do conhecimento em todos os suportes. “Onde está Amarildo?” Esta expressão vai deixar de ser sobre o Amarildo para ser um momento histórico. E o bibliotecário vai ter que processar isso. “Não é mais só 20. Vinte centavos vai ficar não só como (valor da)  passagem, vai lembrar o movimento. Tem que explicar isso. Esse verbete tem que ser explicado historicamente”, diz.

“O meu interesse é despertar os alunos para essa nova vertente da ação da Biblioteconomia, no sentido de preservar a contemporaneidade que será história. “Mas, isso o historiador pode fazer!”. Responde à provocação: “Não. Com a capacidade para processar e remeter à verbete, não”, categórico. “A função do bibliotecário é encontrar diversidade em linguagens que pode ser remetida ao mesmo verbete. Ele tem que pescar a linguagem e remetê-la para ramos do conhecimento. O bom bibliotecário que entende de semiótica e linguística saberá processar de maneira mais rica um verbete, uma expressão, um fato literário oral. A gente despreza muito essa literariedade oral” atesta. E dá exemplos da necessidade do trabalho do bibliotecário nesse campo: “O Museu da Imagem e do Som (MIS) busca fazer isso e sem auxílio de um bibliotecário. O resultado é bom, mas é pobre. Não está indexado por variedades de campos semânticos.”
Seu fascínio pelo tema pode render até uma grupo de pesquisas, como planeja.“O mundo está contando e falando pelo Facebook, pelo Orkut, pelo Delicious, pelo Google + e eu preciso captar isso e processar,” ressalta o professor. E lança no ar: “Como é que está o papel do bibliotecário em relação ao YOUTube?”

Leia o curriculum lattes do Professor Paulo Vasconcelos aqui e uma entrevista para a editora Ateliê Editorial.

Comentários

  1. Estes professores são feras, Flávia! Aproveite e dê uma olhada na apresentação do professor Gildo sobre gás e petróleo, o link foi corrigido. E continue participando do blog da Monitoria, um abraço!

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