Tanúsia dos Santos |
A Lei 10.639/03, alterada pela Lei 11.645/08, tornou obrigatório o
ensino de história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas públicas e
particulares do país, do fundamental ao médio. A literatura infantil
afro-brasileira e africana, como um valoroso instrumento na aplicação da lei,
deve favorecer o conhecimento das crianças sobre um dos pilares da cultura
brasileira. Ou, pelo menos, deveria, como constata em seu trabalho de TCC
Tanúsia dos Santos, aluna do sexto semestre noturno. Veja como ela está
desenvolvendo sua pesquisa, discutindo essas questões:
MC: Qual é o seu tema?
TANÚSIA: O meu tema é a
literatura afro infantil e o papel do bibliotecário para disseminar essa
literatura.
MC: Quem é o seu orientador?
TANÚSIA: A professora Márcia Pazin.
MC: Como você está
desenvolvendo sua pesquisa?
TANÚSIA: Eu comecei pesquisando sobre as religiões afro. A minha
intenção era conhecer por que tanto mito em relação às religiões afro. E fui
entrando na história e descobri que não tem como falar sobre literatura
infantil sem falar sobre os mitos africanos, falar sobre Oxalá, sobre Exú, e
muitos livros infantis, de uma forma bem amenizada, falam sobre isso. Apesar de
existir a Lei 10 639, que obriga o ensino da história africana nas escolas, do
ensino fundamental até o médio, isto não está acontecendo. Na verdade, os
livros existem, mas eles continuam nas estantes. A minha intenção é mostrar que
o bibliotecário pode, de uma forma bem articulada, propiciar o conhecimento dessa
literatura, tanto em sala de aula como em espaços culturais
MC: O que você está lendo?
TANÚSIA: Já li alguns trabalhos de TCC, tenho consultado um
dicionário de etnias, livros infantis. Estou lendo o Baomim, uma gracinha, que vou destacar no meu trabalho, mas a
intenção realmente é trabalhar a disseminação dessa literatura, para que as
pessoas conheçam a história da África.
MC: Você tem visitado os
bibliotecários nas bibliotecas para uma pesquisa de campo?
TANÚSIA: Na primeira parte do trabalho eu fiz pesquisa de campo para
tratar das religiões. Nesta segunda parte do trabalho não fiz pesquisa de
campo. E não vai dar tempo, então não vou fazer. Eu estou fazendo uma pesquisa
em relação à quais são os títulos que existem e se estão sendo utilizados nas
bibliotecas estaduais e municipais.
MC: Como você vai saber se
eles estão sendo utilizados ou não?
TANÚSIA: Pelo site do sistema de bibliotecas da prefeitura você
consegue verificar se o livro foi emprestado e se está disponível. Até agora,
verifiquei que 90% dos livros de literatura afro infantil estão disponíveis.
MC: Mas, se ele está
disponível não significa que ele está sendo utilizado, não?
TANÚSIA: Quando ele está sendo utilizado, consta no site essa
informação. Tem um histórico de
empréstimo daquele item. Por exemplo, achei um livro no site que foi emprestado
em 2010, depois
não foi mais emprestado. Estou levantando esses dados.
E também gostaria de saber como os professores trabalham essa
literatura em sala de aula. Ouço dos
professores com quem conversei que é difícil trabalhar com essa literatura,
eles não tem estrutura para trabalhar com isso por que quando você trabalha com
etnias você tem muito medo de gerar discussão. Então, eles têm receio de que
algum aluno possa se ofender ou virar motivo de zombaria. E quando se percebe
que as pessoas têm dificuldade em lidar com essa situação, então é por que o
preconceito realmente existe. Se não existisse esse preconceito, a conversa
seria outra, muito mais aberta. Dizem
que entre crianças não há preconceito. Mas, existe, e já foi comprovado em
várias pesquisas.
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