“Oh! Bendito o que semeia livros à mão cheia e manda o povo pensar”, já cantava Casto Alves em seu poema “O Livro e a América”. O heróico poeta brasileiro comemoraria com orgulho a trajetória da nascente biblioteca Clóvis Moura que começa a colher os primeiros frutos de um trabalho hercúleo: suas primeiras obras catalogadas estão disponíveis no site da FESPSP para consulta pública.
De um núcleo de estudos em cultura afro a uma biblioteca especializada. Assim começou a biblioteca Clóvis Moura, em 2012, que, apesar de ser um começo um tanto comum, é única em sua proposta: reunir um acervo sobre a temática do negro no Brasil. “Não há nenhum acervo circulante com esta característica em São Paulo”, diz Cristiane, já que o Museu Afro oferece seus títulos apenas para consulta local. “Então, quando a Ludimilla, minha colega de sala, me pediu ajuda para montar a biblioteca do Núcleo de Pesquisas Clóvis Moura, de José Adão Pinto, o Adão, especializada em cultura afro, eu topei na hora”. Adão, por sua vez, livreiro desde 1975, fundou o Núcleo em 2007 e decidiu começar a selecionar uma boa quantidade de títulos em 2010 para suprí-lo. "O acervo foi sendo construído nesse ínterim, através de muitas doações e que são aceitas de bom grado ainda hoje", explica Cristiane.
Adão escolheu homenagear o intelectual pioneiro em pensar e discutir o negro, o negro escravo e sua dinâmica na sociedade brasileira, Clóvis Moura. Conseguiu quem encampasse a ideia da biblioteca: Cristiane apresentou o projeto para a FESPSP e conseguiu o apoio de vários professores para realizá-lo, desde o inestimável incentivo do professor Ivan Russeff, que a ajudou a idealizá-lo, até a liberação de recursos físicos e pessoal pela professora Valéria Valls, e todo o planejamento da catalogação pelas professoras Adriana Souza , Concília Theodoro e a bibliotecária e gerente de informação Rosa Maria Beretta. E em agosto de 2012 a Clóvis Moura começou a ganhar corpo.
Cristiane Laudemar coordena a catalogaçãoda Clóvis Moura
Mãos à obra
Tudo encaminhado, Cristiane pôde, enfim, arregaçar as mangas e enfrentar todos os desafios de se catalogar um livro. As primeiras leituras técnicas e os desafios de se garantir a seguridade de tanta informação foram enfrentados com a ajuda das professoras das disciplinas relacionadas ao trabalho, como Representação Descritiva e Linguagens Documentárias Pré-Coordenadas. Isso foi trazendo confiança e mais autonomia à estudante e futura bibliotecária. O sistema adotado foi o Biblivre, por ser um software livre, e o próprio acervo da biblioteca da FESP foi utilizado como referência na importação de itens. “Alguns itens da Clóvis Moura também constam no acervo da FESPSP e, em parceria com a bibliotecária Sílvia Terra, trocamos informações sobre a sua correta catalogação”. Posteriormente, todos os itens catalogados hoje serão revisados pelas professoras Adriana e Concília e pela Rosa Beretta. Também estão sendo catalogados periódicos e na próxima fase serão também incluídos CDs e DVDs.
Alunos voluntários
Além do corpo docente, muitos alunos também ajudam a Clóvis Moura na catalogação dos livros. Entre eles estão alunos do 5º semestre matutino e noturno como a Vilma, o Rodrigo, a Rose, o Gustavo e a Tanúsia; alunos do 7º noturno, como a Maria Efigênia e do 3º semestre, como a Margareth Bevilacqua. “Todos podem participar, até os alunos do 1º semestre”, convida Cristiane. “A Clóvis Moura está concretizando em parte uma antiga reivindicação dos alunos de Biblioteconomia, que é ter uma sala de processamento técnico. Com este projeto temos, na prática, um grande laboratório de catalogação”.
Alguns alunos voluntários: Rodrigo, (Cristiane Laudemar),
Rose e Tanúsia.
Cristiane comemora a inserção do acervo, que ficará disponível no portal da FESPSP, dentro do catálogo online da biblioteca, no item +Biblioteca da página de pesquisa. “Esta é a primeira vez que o nosso curso de Biblioteconomia aparece aos olhos da comunidade FESPSP com reconhecimento, relevância e espaço à altura. É uma grande vitrine da produção do futuro profissional da faculdade, temos muito que comemorar”, diz Cristiane, com entusiasmo contagiante. "Neste ano de 2013 em que a FESPSP faz 80 anos este projeto é um grande presente".
Futuro
A aluna tem muita consciência do valor dessa iniciativa e está entre seus planos conseguir espaço físico para o acervo, que hoje está abrigado na pequena sala do Centro Acadêmico Rubens Borba de Moraes. “Só podemos permitir consulta local por que o acervo ainda não está adequado para empréstimo”. A meta é que a bibloteca Clóvis Moura esteja com seus mais de 200 títulos iniciais catalogados nos próximos 3 meses. Cristiane também se preocupa com o mercado: quer atender à Lei nº 10.639, de 2003, que dispõe a obrigatoriedade de ensino de história e cultura afro-brasileiras nas escolas públicas e particulares de educação básica. “Não há profissionais para ministrar essa disciplina e a FESPSP tem todos os recursos para suprir esta demanda. E a Clóvis Moura pode ser uma grande aliada com seu acervo especializado".
Acompanhe o blog e as atividades da Biblioteca Clóvis Moura aqui.
Texto e fotos: Magali Machado
Otima matéria, muito obrigada!!!Parabéns...
ResponderExcluirParabéns Cris.
ResponderExcluirParabéns Cristiane pelo seu esforço, pela sua garra e pela paixão demonstrada à profissão, à educação e aos livros. Agora, admiro ainda mais o seu trabalho. Sucesso a você e a todos os colaboradores. Obrigado Bibliotecários, por acreditarem em ações como essa.
ResponderExcluirCristiane parabéns pela iniciativa, dedicação e esforço empreendido nesse projeto!
ResponderExcluirO trabalho da Clóvis Moura e da Cris em especial, liderando talentos como o dela, é um orgulho do nosso curso! Continuem participando!
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