A alegria
da luz do sol quando abrimos uma janela. A melancolia de se ver uma criança
partindo estrada afora. A apreensão de se acompanhar os passos rápidos de
alguém que não podemos identificar. Imagem em movimento, seja na televisão,
cinema ou video, sempre nos remete à vários sentimentos e interpretações.
A
professora Tânia Callegaro estuda este processo e aponta alguns caminhos em seu
artigo “Baile Perfumado” (Brasil, 1996, direção de Paulo Caldas e Lino
Ferreira), onde
explora possibilidades de leitura do filme sobre o registro fotográfico de
Lampião pelo fotógrafo libanês Benjamin Abrahão. “Escolhi este filme por que
ele trabalha com a questão da memória. Foram essas imgens do fotógrafo que
sustentaram Lampião como herói. E, como sabia demais, foi morto. É a construção
de nossa história” durante o governo Vargas. Além disso, a professora acrescenta
que “Baile Perfumado” apresenta um novo Lampião, rompendo com a imagem
difundida à época de fora-da-lei e revelando um homem comum, consumidor com gostos sofisticados, pois o
famoso cangaceiro era grande apreciador de perfume francês e uísque. Naquele sertão
nordestino dos anos 30 já se podia perceber o avanço da globalização veiculado
por um capitalismo prioritariamente industrial e o aparecimento de um mascate
libanês com uma máquina filmadora buscando registrar o cotidiano de Lampião faz
uma feliz metáfora do contexto histórico.
Como saber
tudo isso ao escolher um filme para fazer uma ação cultural na sua biblioteca?
“Parta
daquilo que você tem paixão, que te comove. Estamos falando de arte”, recomenda
a professora Tânia. Ela afirma que não é essencial conhecer a parte técnica,
mas a questão da montagem em cinema é o grande segredo. Afinal, “o significado
se constrói na junção de todas as imagens”, completa. O seu público “vai
desenvolver o pensamento cognitivo. Vai afinar o olhar”, completa.
Para os profissionais
que desenvolvem oficinas de leitura ou alfabetização em audiovisual é um novo
norteador, já que há poucos títulos sobre esse tema no mercado.
O artigo
faz parte de uma coletânea com outros nove textos de arte-educadores, cada um
analisando um filme específico, e revelando diferentes modos para sua aplicação
em ambientes de aprendizagem. Com organização da Professora Jurema Sampaio, e
prefácio da consagrada arte-educadora Ana Mae Barbosa, “Usando filmes nas aulas
de arte” se propõe a oferecer orientação a quem se dispõe a mediar a leitura de
audiovisuais.
Quem é Tânia Callegaro
A
professora Tânia Callegaro ministra a disciplina “Ação Cultural” no curso de
Biblioteconomia e o curso de extensão Capacitação Técnica do Mediador Cultural
da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). É Doutora e Mestre em Ciência da Comunicação
pelo Departamento de Rádio, Cinema e TV, da ECA/USP, com Especialização em Arte
Educação pela ECA/USP. Graduou-se em Educação Artística pelo Instituto Musical
de São Paulo, IMSP. Atua desde 1975 como docente em instituições públicas e privadas do ensino
médio, superior e pós-graduação. Tem experiência como coordenadora e
pesquisadora em projetos de comunicação e educação desenvolvidas a distância
via internet e presencial. Seu objetivo de pesquisa e trabalho centralizou-se
nos campos da comunicação coletiva, mediada pela tecnologia, arte e cultura.
Texto: Magali Machado
Crédito imagem professora Tânia:: Marli S.
Vasconcelos
Crédito biografia da professora Tânia Callegaro: http://agendacultural-debibliotecas.blogspot.com.br/2010/05/acao-cultural-em-bibliotecas-reflexoes.html
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