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O Bibliotecário especialista em taxonomia: Geraldo Magela Souza



Geraldo Magela, especialista em taxonomia


  Você sabe o que é taxonomia? Esse nome pode assustar os incautos, mas é a base do dia-a-dia de bibliotecários, como o Geraldo Magela, especialista na área. Nessa entrevista gentilmente cedida à Monitoria Científica,  Geraldo explica um pouquinho sobre essa promissora área de atuação para o profissional da informação.  Acompanhe mais este perfil de mercado para comemorarmos o Mês dos Bibliotecários:











Mas, afinal, o que é essa tal de taxonomia da qual ouvimos tanto falar? Nosso entrevistado, Geraldo Magela Souza explica no artigo Taxonomias: o que são e para que servem (1) que a taxonomia é um tipo de vocabulário controlado que nos possibilita representar o conteúdo dos objetos, como um livro, usando palavras. O especialista afirma que na propagação do uso do termo acabou-se por utilizá-lo incorretamente, pois quando se ouve “taxonomia” para auxiliar a navegabilidade de um site na internet, deveríamos entender o conceito guarda-chuva “vocabulário controlado”, mais abrangente.

  Geraldo Magela Souza é formado em Biblioteconomia e Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e hoje é coordenador do projeto de Gestão do Conhecimento sobre e para as Micro e Pequenas Empresas do Sebrae Nacional, em Brasília.  



MC: A aplicação da taxonomia nas empresas é, em geral, bem recebida? 

GERALDO: Sim, são bem recebidas quando você consegue demonstrar o quanto elas podem contribuir para os resultados da empresa, p.ex., aumento dos lucros. Por exemplo, recentemente uma empresa de e-commerce nos procurou querendo "revolucionar" seu sistema de busca e, naturalmente, aumenta as vendas. Uma das coisas que demontramos foi que 70% dos problemas de busca do site estavam relacionados com os sinónimos e que poderiam ser facilmente resolvidos com uma simples ferramenta de taxonomia. E que mecanismo de busca não tem nada a ver com dados bem formados, ou seja, buscador não melhora dados mas o trabalho humano e taxonomia, catalogação, classificação, indexação etc. sim. Se os dados são desestruturados e mal formados, os resultados da busca refletirão isso. Ainda, não há buscador que resolva isso.
  
MC: Como vencer as resistências? 

GERALDO: Não vejo resistências. Um diagnóstico assertivo do problema e uma solução matadora que demonstre de forma didática e real como os problemas de busca são afetados principalmente pela semântica e resbolvidos por taxonomias e pela Websemântica, ganhará no mínimo a atenção de qualquer sponsor, gerente, diretor etc.

 MC: E o consultor, como pode oferecer um serviço especializado nessa área?

GERALDO: As pessoa devem saber que você existe. Segundo, quando descoberto,você deve demonstrar competência e capacidade para fazer acontecer.  Terceiro, é que você deve se preparar para quando for descoberto. E como eu me preparo? Estudando, pesquisando, trabalhando e colocando esses conhecimentos em prática por meio dos projetos que gerencio no Sebrae e na Experiência Semântica, minha empresa.

MC: Como o profissional da informação pode se dedicar à taxonomia: quais são as competências a desenvolver?

Um bom consultor possui várias competências como as da comunicação, negociação, trabalhar em equipe, resolver conflitos, criatividade etc. Conhecer e saber fazer taxonomia seria mais uma. Não a mais importante, mas a que é potencializada e potencializa as demais. Pois não adianta muito "saber" sobre taxonomia e não ter atitude, não se comunicar bem, não negociar bem e não trabalhar em equipe. É preciso valorizar o todo, não apenas a competência núcleo, taxonomia.  

MC: A web semântica entrará em conflito com a taxonomia?

GERALDO: Não entra porque são coisas distintas mas muito complementares. Em poucas palavras, taxonomia é uma ferramenta. E Web Semântica, não é uma ferramenta,  é uma visão que Tim Berners Lee tem sobre a web do futuro e que vem sendo impulsionda por um movimento hoje liderado pelo W3C. Essa visão futuro concebe uma web de dados linkados e inteligíveis por máquinas em oposição a atual web de documentos não estruturados e inteligíveis apenas por pessoas. Então a idéia é pemitir as máquinas entenderem o significado das "coisas" que esses "dados" representam. Essas "coisas" podem ser uma "pessoa", um "objeto" ou um "conceito". Para isso existem padrões e ferramentas como RDF, OWL, SKOS definidos pela W3C e que ajudam as márquinas "conhecerem" as "coisas". Este último padrão, o SKOS, serve especificamente para suportar sistemas de organização do conhecimento, p.ex.: uma taxonomia ou tesauro, na estrutura da Web Semântica. Ou seja, o SKOS não subtitui uma taxonomia ou sistema de classficação, mas por meio do seu padrão de marcação torna o conteúdo e a relações semanticas de uma taxonomia, p.ex., inteligíveis por máquinas. Assim, SKOS e taxonomia se complementam mas não se excluem. Simples assim!

MC:  Quais são as melhores fontes de informação para a pesquisa nessa área, nacional e internacionalmente?

O livro da The Accidental Taxonomist, de Heather Hedden ajuda, além de outra coisas, a acabar com essa confusão entre taxonomia, tesauros, ontologia etc. As nomas NISO Z39.19 e a ISO 25964 partes 1-2 ajudam a saber como criar uma taxonomia ou tesauro utilizando-se a melhores práticas. Eventos como o Taxonomy Boot Camp são ótimos para se conhecer as novidades. Enfim, são varias fontes.... Quem procura acha! rs...


Quem é Geraldo Magela Souza

Geraldo Magela


Graduado em Ciência da Informação com especialização em Administração Estratégica de Sistema de Informação pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e MBA
Executivo Internacional pela Universidade da Califórnia (UCLA). Coordenador do Núcleo de Informação em Empreendedorismo do Sebrae Nacional desde 2003, onde participou da concepção, coordenação e execução dos projetos Biblioteca On Line Sebrae, Portal Sebrae, Base de Informação para Atendimento, Vocabulário Controlado Sebrae e Google Search Appliance no Portal Sebrae.
Hoje coordena o projeto de Gestão do Conhecimento do Sebrae.






Para saber mais sobre taxonomia, acesse:

 Experiência Semântica, o blog do Geraldo Magela
 Taxonomias: o que são e para que servem (1), a primeira de uma série de artigos de Geraldo para a Webinsider.




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