E para dar continuidade às homenagens e comemorações pelo
Jubileu de Ouro do mais que querido Profº Ivan, segue a resenha mais que
especial dessa obra-prima literária e cinematográfica, destaque para a atuação
arrasadora de nossos monitores Ana e Renato.
E que rufem os tambores...
Com vocês: Fahrenheit
451.
Renato entra na sala...
Anteriormente, no capítulo 27 da sua novela preferida deste
canal(...) Ei, espere! Você aí! Me dê esse livro!!! Peguem-no e queimem!!!
[Fim da transmissão. Diário de um tempo há muito temido]
Fahrenheit 451 (1966)
Dirigido pelo renomado francês François Truffaut, Fahrenheit
451 é baseado no livro homônimo de Ray Bradbury (o qual nosso querido mestre
Ivan insiste em nos indicar sua leitura todos os anos para as turmas de biblio,
estejam avisados novatos).
Fahrenheit 451 (1966)
|
Então, a história não poderia ser diferente: se passa num
futuro distópico, onde o livro é proibido (e o ato de ler), condenado à
fogueira e seu portador é punido pela lei, basicamente. Existe o corpo de
bombeiros, incumbido de perseguir tais leitores “foras da lei” e rastrear a
todo custo os livros que, mesmo escondidos, a sociedade insiste em manter e
cuidar. Isso tudo de uma forma completamente opressora mesmo. É como se
assistíssemos a um sufocante assassinato à inteligência, ao pensamento e ao
raciocínio humano nas telas. É uma opressão difícil de suportar mesmo vista por
olhos desacostumados a um cinema antigo e clássico.
Truffaut casa muito bem a imagem ao som, o diálogo à tensão,
a sensação de perseguição ao suspense que toda a obra carrega, a mágica do
conhecimento às curiosidades mais que humanas do personagem principal, o
bombeiro Guy Montag (Oskar Werner). Aliás, a trama segue muito bem expressa com
as nuances do protagonista e toda sua liberdade enclausurada por tal sistema
ditatorial, rígido e estruturalmente alienador. Seus conflitos com seu superior
no corpo de bombeiros Fabian (Anton Diffring) são expressas com muito talento e
fielmente ao livro. E, puxa, que concordância com o livro! (APESAR DE EU
SEMPRE DEFENDER, COM TODAS AS FORÇAS, QUE O LIVRO É O MELHOR!)
Temos outros shows de atuação com a esposa de Montag, Linda
Montag (Julie Christie), apesar de pouca presença no filme em comparação ao
livro, e da bibliotecária (olha nóis aí de novo representando!!) ou uma
bibliófila autêntica (Bee Duffell) que defende a ferro e fogo o conhecimento.
Suas cenas são de muita responsa e elas aparecem para virar o jogo, ou então
causar aquela percepção final a quem assiste ao filme e não compreende bem o
sistema traiçoeiro, que aprisiona seus cidadãos moral e intelectualmente, como
pano de fundo da história e já faz um grande esforço para compreender a
complexidade da personalidade de Montag.
Cena comum dos bibliotecários recém formados nas
faculdades brasileiras. Digo... A brilhantíssima Bee Duffell queimando geral
mas mantendo seu ideário sempre vivo.
|
Bom, o filme é brilhante e tem muitas qualidades. Um
clássico dos grandes. Além de ser inteligentíssimo! Nunca me deparei com um
filme tão bem construído e estruturado com base numa obra bibliográfica.
Truffaut realmente chegou num nível de compreensão literária absurda e isso
merece atenção e admiração de todos. Recomendadíssimo para quem é bibliófilo;
quem é no mínimo admirador de filmes cult e de ação ao mesmo tempo e apreciador
de uma boa acrescentada ao conhecimento; e para o pessoal de biblio, que tem um
ideal sempre muito forte, que tem o futuro traçado por uma disseminação da
informação sempre responsável e cuidadosa, que preza por futuros progressistas
e felizes.
Com esse FILMAÇO, deixo meu singelo pedido à nação
bibliotecária: saiam da caixa, bibliotecários, documentalistas e cientistas da
informação!!!!
Ana entra no recinto,
quase derrubando a porta...
EI!
Eu também quero falar, esse filmão da muléstia ai deve ser
valorizado e vangloriado todos os dias, vamos montar uma religião, uma ceita..
ISSO UMA CEITA BRADBURRYANA, ISSO!!!!
Péra, tô alterada.
Voltei, é que Ray Bradburry, autor do livro que deu origem
ao filme é meu autor favorito do segmento de livros de terror, e esse livro é
uma P$%¨& história de horror.
Como o menino ai já disse...
Renato
(torce o nariz)
Os livros “são melhores” do que os filmes, mas eu já estou
cansada de explicar a todos que são materiais criados para mídias diferentes,
se o filme seguisse o final e a trajetória do livro muitos telespectadores não
entenderiam, por que o sentimento que Ray Bradburry passa de confinamento e
perpetua vigilância não pode ser expressada em imagem, nem em áudio e nem nas
próximas vidas.
TENDO EM VISTA ESSE APONTAMENTO, COM LICENÇA, OBRIGADA....
Quero só trazer alguns pontos gostosinhos e importantes
desse filme.
Na abertura, onde geralmente subiriam os créditos dos
autores, produção e a trabalheira danada que deu pra criar essa obra, essas
informações são narradas, já nos imergindo no contexto do filme no qual ler é
proibido, e enquanto os créditos são narrados, nos são mostradas várias e
várias antenas de TV que estão presentes em TODAS as casas das famílias tradicionais,
o que já nos prediz como é feita a alienação e a homogeneização dessas pessoas.
Já começa com um gole e EITA
GCHIOVANNA!
Não bastando, na primeira cena um cara é pego lendo, e
enquanto lê ele come uma maçã, e então ele ouve as sirenes WIUWIUWIUIWIU dos
bombeiros incendiários, e na correria a maçã mordida rola pelo chão da casa.
Meus queridos, vocês sabem o que representa, em sua maioria, a maçã e essas
figurações da imagem dela no cinema certo? O pecado, algo errado, perigoso...
Enfim, que delicia de obra, que delicia de reflexão.
Obrigada Professor Ivan por nos passar a tarefa de
ler/assistir essa obra, é um ótimo início para nós cientistas da informação
começarmos a compreender o nosso papel nesse mundão de tudo.
Não deixa o conhecimento morrer
Não deixa o conhecimento acabar
O amor é feito de conhecimento
Conhecimento pra gente conhecimentar... Acho que errei a
letra da música de novo.
TÁ DISPONÍVEL ONDE!?!? Acervo FESPSP / Internet / DVD
Comentários
Postar um comentário